


Quais métricas podem ser usadas para pais avaliarem se o uso de telas está dentro de limites aceitáveis?
Eis algumas dicas sugeridas por especialistas:
1. A tela é útil se ajuda a manter contato com as pessoas. "Durante tempos extraordinários, com um alto grau de incerteza e irregularidade, é vital para as crianças brincar e se comunicar com amigos", diz a Unicef. Se isso está sendo feito por videogames, videochamadas ou redes sociais de modo a oferecer uma conexão humana, tem valor.
2. Conteúdo mais calmo é mais positivo. Desenhos e games mais calmos ou que proporcionem autonomia em vez de apenas estimular o uso compulsivo são muito melhores para o desenvolvimento cerebral e para o comportamento das crianças, disse Jenny Radesky. "Escolha bom conteúdo, que não seja cheio de conflitos ou comportamentos idiotas", sugeriu. "Fiz esse experimento com meus filhos. Quando os vi assistindo a um monte de vídeos de Star Wars, com personagens se xingando ou falando coisas irritantes, dei um basta.
Depois de duas semanas limitando o consumo a desenhos mais calmos, as crianças também estavam mais tranquilas, disse ela. "Eles estavam se alimentando daquele nível elevado de energia. Isso foi com os meus filhos, não estou dizendo que é o que todas as famílias devem fazer. Mas vale prestar atenção em como seu filho está reagindo ao conteúdo".
Da mesma forma, Anya Kamenetz diz que boa parte do tempo que as filhas passam no tablet é dedicado a ouvir audiolivros ou a assistir a contações de história, que exigem mais esforço do cérebro, tirando-o do estado de passividade.
3. Preserve rituais em família, o sono e o repertório 'offline'. São as atividades em família — quaisquer que sejam, desde brincar juntos, assistir filmes, cozinhar e conversar — que vão ajudar as crianças a ter resiliência neste momento, argumentou Radesky.
Eisenstein também diz que muitas crianças ficam irritadas na ausência dos eletrônicos porque estão com pouco repertório de brincadeiras ‘offline’. Elas precisam de um estímulo inicial para ter ideias de como sair do círculo vicioso do uso constante da tela e brincar no mundo real.
As duas médicas são enfáticas ao dizer que a tecnologia é ruim quando atrapalha o sono, crucial para as crianças (e adultos) se desenvolverem e cuidarem de seu sistema imunológico. "Precisa desligar os eletrônicos pelo menos uma ou duas horas antes de dormir, porque a luz das telas bloqueia a produção de melatonina", sugere Eisenstein.
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4. Observe as emoções das crianças. A tela está fazendo mal, mesmo que seja para atividades escolares, quando a atividade não permite intervalos, deixa as crianças mais irritadas e ansiosas ou serve apenas de fuga para crianças em momentos de tristeza. Ou seja, em vez de lidar com as emoções, um aprendizado que serve para a vida inteira, a criança as suprime com ajuda da tecnologia. Se a percepção dos pais for de que a tela está prejudicando mais do que ajudando a lidar com o momento atual, pode ser hora de buscar ajuda especializada.
5. Os combinados seguem valendo, mesmo na pandemia. Autorizar mais tempo diante da tela não tira a importância de fazer acordos prévios com a crianças e adolescentes, seja restringindo o uso dos eletrônicos a apenas algumas horas do dia e flexibilizando no fim de semana, seja conversando sobre conteúdos dos quais os pais não gostam ou discutindo alternativas caso as telas estejam prejudicando o sono ou causando mudanças de humor. A Unicef defende "estratégias ativas", como conversar com as crianças sobre sua experiência online e assegurar-se de que estejam usando apenas jogos e redes apropriados para sua idade.
6. Use as telas para atividades físicas. Especialmente para crianças confinadas em apartamentos ou locais pequenos, jogos ou vídeos online que estimulem exercícios são benéficos, diz o artigo da Unicef.
7. Pense no controle de danos. Se não podemos nos dar ao luxo de ficar sem telas, podemos bolar estratégias de redução de danos, defende Kamenetz. No caso dela, com filhas pequenas, isso significa se preparar com antecedência para crises de birra que surgem quando é hora de desligar - e que ela mitiga com muita paciência, lanchinhos, abraços e atividades que ajudem na transição das telas para o mundo offline.
"É ilusório pensar na ideia de perfeição", diz.
"Todos erramos, e nossos filhos não serão anjos perfeitos diante no computador. E nós não poderemos impedir, porque estamos fora da nossa rotina e sobrecarregados. Então, precisamos entender que vamos errar, aprender e tentar consertar".