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Publicado em 15/03/2024 23:48:03 • Opinião

Moral e Justiça

Às vezes, nos tornamos insensíveis diante das injustiças ao nosso redor
Imagem meramente ilustrativa (Foto: Freepik)

Era um documentário sobre crimes que eu estava assistindo alguns anos atrás e lá pelas tantas, algum psicólogo soltou a seguinte frase: "depois de certa idade, a ingenuidade se torna uma perversão!". O contexto era o de alguma mãe que ignorava os maus tratos que o pai infligia ao filho, e mais tarde aquilo resultou em algum crime bárbaro. Não lembro os detalhes, mas o que o terapeuta quis dizer é que a gente se acostuma com tanta coisa que chega uma hora em que perdemos nosso senso de moral, fechando nossos olhos para as injustiças.

Às vezes, nos tornamos insensíveis diante das injustiças ao nosso redor. Isso acontece quando nos acostumamos gradualmente com essas situações e acabamos aceitando-as como se fossem normais. Por exemplo, quando vemos pessoas sendo tratadas de forma injusta ou desigual, podemos começar a pensar que isso é apenas como as coisas são, e isso não nos afeta mais. Essa sensação de indiferença pode fazer com que percamos nosso senso de certo e errado e até mesmo nossa empatia pelos outros. É como se um alarme dentro de nós deixasse de tocar quando testemunhamos uma barbaridade, porque nos acostumamos tanto com ela que já não nos incomoda mais. Mas é importante perceber que isso não é saudável, nem para nós mesmos, nem para a sociedade em que vivemos. Quando nos tornamos insensíveis às injustiças, perdemos não apenas nossa capacidade de discernimento moral, mas também a nossa própria humanidade.

Essa é uma maneira cega de ver o mundo, mas existe outra que é oposta e também problemática: pessoas com a síndrome do justiceiro. Essa é uma categoria pertencente a aqueles que veem maldade em tudo, mesmo onde não existe. Eles querem impor sua visão de justiça sem considerar as nuances das situações. Em vez de compreender a complexidade da vida, agem de forma inflexível, muitas vezes recorrendo a punições severas. Mas o mundo não é preto e branco, e esse comportamento só leva ao autoengano. É o caso do policial que atira primeiro e pergunta depois, não há justiça na impulsividade.

Falando em justiça, eu pessoalmente acho que não conseguiria ser juiz, advogado ou promotor. Não conseguiria dormir todas as noites sabendo que teria que bater um martelo que poderia selar o destino de uma vida ou defender alguém que está me mostrando apenas um ponto de vista, que poderia muito bem ser questionado. Acho a justiça falha e a moral relativa, mas não coloco a justiça acima da minha moral. No entanto, por mais imperfeito que seja o sistema judicial, não desconsidero quem busque a justiça em carreiras no direito e aplaudo quem lute contra o sistema mesmo sem sair do sistema, só acho que não levaria jeito para a coisa mesmo. Talvez eu ainda seja ingênuo nesse ponto!

 

(*) Leonardo é Psicólogo e atende em Cerro Largo.

Fonte: Leonardo Stoffels / Psicólogo
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