


Extensionistas da Emater/RS-Ascar e artesãos de todo o Rio Grande do Sul puderam conhecer mais sobre o aproveitamento das fibras do butiazeiro e da bananeira no artesanato, em uma oportunidade de resgate da identidade cultural dos territórios em que são desenvolvidos e compartilhamento de conhecimentos sobre técnicas e legislação vigente.
Representantes dos municípios de Terra de Areia e Giruá protagonizaram a Trilha de Capacitação em Gestão, realizada em formato virtual na terça-feira (16/11), pela Fundação Gaúcha do Trabalho e Ação Social (FGTAS), com condução de Júlio Santos, do Departamento de Promoção do Desenvolvimento.
No evento com o tema "Artesanato bem-feito, negócio bem sucedido", além dos extensionistas da Emater, as artesãs Noeli da Rosa Pereira de Assis e Maiara Bonfanti compartilharam seu conhecimento em relação ao artesanato com fibra natural de bananeira e com palha de butiá, respectivamente. Os participantes também acompanharam dicas importantes para o trabalho com fibra natural, apresentadas pela artesã giruaense Iolanda Stasiak.
O extensionista da Emater de Terra de Areia Wolnei Fenner enfatizou a importância da produção de banana no município e as funcionalidades da planta, já que a fruta pode ser aproveitada de diferentes formas: consumida in natura, sua casca também é usada em receitas, o palmito é comestível, a fruta pode virar farinha e toda a planta pode ser usada no trato animal, para a proteção do solo e ainda a fibra pode ser usada no artesanato.
Noeli começou no artesanato depois de participar de um curso da Emater/ há mais de 15 anos, em Terra de Areia. "Depois da capacitação eu fiquei encantada, me apaixonei e comecei a criar as minhas próprias peças e a vender", comenta. Segundo a artesã, que demonstrou como se faz a extração do tronco e os cortes das fibras de acordo com os diferentes acabamentos que se quer dar na peça a ser criada, é importante também fazer a secagem, a impermeabilização e o tingimento de modo adequado. "A fibra de bananeira tem uma infinidade de possibilidades de criação de peças, basta ter criatividade", ressalta.
Na sequência, o extensionista da Emater em Giruá, Charles Fernantes, contou que o butiazal faz parte da cultura, do ecossistema e da tradição gastronômica e artesanal do município, enquanto a artesã Iolanda mostrou como é realizada a coleta das folhas e os cuidados para a maleabilidade e a durabilidade do artesanato com a palha do butiazeiro.
Na região Noroeste, a espécie predominante é do butiá Yatay. Apesar de ser historicamente aproveitada no artesanato local, a retirada de folhas não pode prejudicar a planta, diante disso, segue-se a legislação vigente.
Os artesãos de Giruá procuraram a certificação de Registro no Cadastro Florestal da Secretaria Estatual de Meio Ambiente. Isso autoriza a fazer a coleta de frutos e sementes de exemplares de butiá em fragmentos florestais do Bioma local.
Na fala de Maiara, ficou clara a versatilidade e a criatividade implícitas ao artesanato local. A artesã enfatizou a preocupação com a preservação das plantas remanescentes e de inovar constantemente, acessando novos mercados. Ela trouxe ainda informações com relação ao apoio da Embrapa e Emater para a legalização do extrativismo sustentável e a adequação dos processos de colheita, destalamento, raspagem, separação das folhas, costura e design para, com autenticidade, crescer, mas mantendo a característica artesanal.
O vídeo com a capacitação segue disponível para visualização no Facebook AQUI.