


A carne suína é uma importante fonte de proteína animal, e a suinocultura brasileira é uma das atividades econômicas mais importantes do agronegócio.
O Brasil se consolidou como o quarto maior produtor de carne suína do mundo, com 3,9 milhões de toneladas produzidas em 2018. Deste total, 646 mil toneladas foram exportadas, tornando o Brasil o quarto maior exportador do mundo. Em 2018, a movimentação financeira de toda cadeia produtiva de suínos foi de aproximadamente R$ 150 bilhões, gerando um milhão de empregos diretos e indiretos. Portanto, a manutenção da sanidade do rebanho e da capacidade de certificação dos serviços veterinários é uma das prioridades do país. Assim, conquistamos mercados, mantemos a competitividade e oferecemos um alimento seguro.
O Brasil é considerado livre de Peste Suína Africana (PSA) junto à Organização Mundial da Saúde Animal (OIE). Em relação a Peste Suína Clássica (PSC), o Brasil tem cerca de 95% da produção industrial de suínos em área reconhecida como livre da doença pela OIE, o que contempla grande parte do território nacional. Porém, a manutenção do nosso status sanitário exige um trabalho contínuo, que demanda estratégias de monitoramento e controle preventivo durante todo o ciclo de produção. Desta forma, conseguimos minimizar possíveis riscos de ocorrência de doenças das quais nosso país é livre.
Impacto econômico
PSA - O impacto da introdução da PSA nos Estados Unidos foi estimado em US$ 16,5 bilhões, apenas no primeiro ano de surto (Hayes et al., 2011; Dee et al., 2018). Uma avaliação superficial do prejuízo da introdução do vírus na população de suínos do Brasil, população esta que é cerca de dois terços menor que a americana, ficaria em torno de US$ 5,5 bilhões, baseado no número de suínos abatidos por ano. Porém, fica difícil estimar os custos para o cenário brasileiro, devido às particularidades da produção, diferenças nos sistemas de vigilância e monitoria, somadas ao aprendizado recente dos Estados Unidos com os surtos de Diarreia Epidêmica Suína (PED) e Influenza Aviária (IA), e sem levar em conta o poder de negociação daquela economia.
PSC - Embora atualmente a ocorrência dos focos da doença no Brasil esteja limitada à zona não livre, caso ocorra seu ingresso na zona livre, o impacto econômico, de acordo com estimativas realizadas pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) em 2018, pode variar de R$ 1,3 bilhões a R$ 4,5 bilhões, considerando diferentes cenários (Brasil, 2017).
Em países como a Holanda, onde foi utilizada a estratégia de erradicação da PSC sem vacinação, os custos com as medidas de controle, incluindo o sacrifício dos rebanhos, chegaram a dois bilhões de dólares (Backer et al., 2009; Kirkland et al., 2019).
Abaixo, abordaremos alguns aspectos importantes para a identificação da Peste Suína Africana (PSA) e da Peste Suína Clássica (PSC) Ao reconhecer as duas doenças e entender os riscos, espera-se uma eficaz atuação de todos os envolvidos na cadeia de suínos para evitar a disseminação da PSC para as áreas livres e na prevenção da ocorrência da PSA no Brasil.
Quais as diferenças entre Peste Suína Clássica (PSC) e Peste Suína Africana (PSA)?
Ambas são doenças virais graves que infectam o suíno, causando grandes perdas econômicas. Todavia, as doenças são causadas por vírus diferentes. A PSC é causada por um vírus da família Flaviviridae, gênero Pestivirus, de genoma RNA. Já a PSA é causada por um vírus DNA, família Asfarviridae, gênero Asfivirus. As duas doenças são semelhantes clinicamente, sendo necessário realizar diagnóstico laboratorial diferencial.
O Brasil tem um programa nacional para controle da PSC e atualmente grande parte do território é reconhecido internacionalmente como livre de PSC. A PSA já ocorreu no Brasil no final da década de 1970, foi erradicada e atualmente a doença é considerada exótica no país. Tanto o vírus da PSC como o da PSA não causam doença em humanos.
Quanto tempo leva desde o animal ser infectado até apresentar os sinais clínicos da doença?
O período de incubação do vírus da PSA é de quatro a 19 dias.
Quais são os sinais clínicos da PSA?
Os sinais clínicos observados dependem da virulência da amostra, e via de transmissão, variando entre as formas aguda, subaguda e crônica.
Forma Aguda:
- Vermelhidão e hemorragias na pele - pontas das orelhas, cauda, extremidades distais e abdômen
- Anorexia, apatia, cianose e incoordenação motora dentro de 24/48 horas antes da morte
- Aumento da frequência respiratória
- Podem ocorrer vômitos, diarreia (por vezes sanguinolenta) e secreções oculares
- Abortos
- Sobreviventes tornam-se portadores do vírus
- Em suínos domésticos, a taxa de mortalidade geralmente se aproxima de 100%
Forma Subaguda:
- Sinais clínicos semelhantes à forma aguda, porém menos intensos
- Duração da doença é de 5-30 dias
- A taxa de mortalidade é mais baixa (por exemplo, 30/70%)
Forma Crônica:
- Perda de peso, picos irregulares de temperatura, sinais respiratórios, úlceras e necrose da pele, artrite
- Pericardite, pleurite e edema nas articulações
- Baixa mortalidade
Existe algum tratamento para animais infectados?
Não existe tratamento. É recomendada a eliminação do rebanho infectado e exposto ao vírus.
Em casos suspeitos, o que o produtor/técnico deve fazer?
Contatar imediatamente o Serviço Veterinário Oficial Estadual.
Se a doença é detectada, o que é preciso fazer com rebanho, instalações, etc?
Em casos de surtos, o Serviço Veterinário Oficial determinará as medidas a serem implementadas, seguindo as recomendações da OIE de sacrifício sanitário e demais formas de vazio e descontaminação.
Como prevenir estas doenças?
• Não transportar produtos cárneos de suínos (carne crua, salame, linguiça) para a zona livre.
• Realizar sempre a limpeza e desinfecção de veículos que transportam suínos
• Nunca forneça restos de alimentos para suínos
• Não transportar suínos ou produtos cárneos sem a devida documentação emitida pelos orgãos competentes