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Publicado em 25/07/2020 12:22:44 • Geral

Na rota Mercosul, pandemia trouxe mais dificuldades à motoristas

Israel Weber: - Na Argentina, se sabem que você é brasileiro, exigem ainda mais documentos
Israel Weber e Bruna John costumavam viajar juntos, mas com a pandemia isso se tornou impossível

Para os caminhoneiros que fazem a rota Mercosul - com fretes principalmente para Argentina e Chile, a pandemia do novo coronavírus (Covid-19) trouxe ainda mais dificuldades do que as enfrentadas normalmente.

À excessiva burocracia, com pátios lotados de caminhões deixando os profissionais aglomerados, soma-se a discriminação aos profissionais brasileiros. Motoristas relatam sobre o preconceito dos policiais argentinos em relação aos brasileiros, por conta do alto índice de contaminados no Brasil. Isso resulta em fiscalização excessiva, por parte das autoridades argentinas, além da dificuldade de encontrar locais para parada, onde possam tomar um simples banho e descansar, por exemplo.

TRECHO EXTREMO

Quem cruza a Cordilheira dos Andes, entre Mendoza (Argentina) e Santiago (capital do Chile), sabe que se trata de uma rota onde "todo cuidado é pouco".

Travessia estratégica entre os oceanos Pacífico e Atlântico (por onde passam cerca de 90% das mercadorias que tramitam entre os países do Mercosul), o trecho entre as montanhas é considerado o oitavo entre os 10 mais extremos do mundo.

Nos 240 quilômetros entre as duas cidades, existem uma infinidade de curvas e pontos perigosos. Porém, o trecho mais respeitado por motoristas de todas as categorias é o Caracoles. São cerca de 20 quilômetros de pista simples de mão dupla que serpenteia a encosta da cordilheira, num ziguezague formado por uma sequência de 29 curvas que se elevam a mais de 3.000m de altura.

É por esse emaranhado de pistas que diariamente sobem e descem mais de 1.200 caminhões, que cruzam a fronteira entre Argentina e Chile.

No inverno, a atenção das autoridades chilenas e argentinas aumenta e a travessia entre as duas cidades é controlada pelas autoridades. Isso normalmente acontece devido ao acúmulo de gelo e de neve na pista e a estrada é fechada em determinados períodos para a limpeza da pista.

NOVATO NA ATIVIDADE

Israel Weber, 27 anos, reside em Cerro Largo e atua como caminhoneiro há um ano. Antes de assumir a boleia de um caminhão, ele trabalhava com mecânica. Weber também faz a rota Mercosul, com viagens pelo Brasil, Argentina e Chile.

"Eles não deixam a gente parar. Em locais onde estávamos acostumados para pernoitar e tomar banho, não permitem a nossa presença. Nem nos pedágios permitem que fiquemos. Querem que o pessoal siga, siga, dirigindo 24 horas, o que é impossível", destaca Weber, sobre as dificuldades enfrentadas na rota.

O medo maior, nestes países, é que os motoristas brasileiros estejam levando o coronavírus. "Nossos colegas, de lá, argumentam que há muita política. Ninguém tem certeza de nada", comenta.

REPENSANDO A PROFISSÃO

Mesmo atuando há pouco tempo como caminhoneiro, Israel repensa o seu futuro profissional.

"Olha, quase não está mais valendo a pena. Muitos colegas, mais antigos, estão desistindo. Outros estão investindo em estudos pros filhos, vendendo os caminhões, mudando de vida", conta.

Além da crise, que afeta diretamente a oferta de fretes, Weber destaca que "há muitas empresas trabalhando com valores muito baixos. Se essas empresas fossem pagar tudo que o caminhoneiro autônomo paga, não haveria essa desigualdade".

Weber também enfatiza o excesso de burocracia nas fronteiras. "É muita papelama, mesmo que a gente passe por lá quase toda semana. Eles poderiam ter um cadastro, para facilitar a entrada e saída nos países", sugestiona.

"Na Argentina, se sabem que você é brasileiro, exigem ainda mais documentos. Assim fica difícil trabalhar", questiona.

VIAGENS EM FAMÍLIA

Casado com Bruna John, Israel trabalha junto com o sogro, Rogério, caminhoneiro há mais de 30 anos.

Ambos fazem a mesma rota e muita vezes viajam juntos.

"A gente costumava levar as famílias junto, mas agora com a pandemia não há a menor condição. É uma pena", finaliza.

Fonte: Luís Henrique Franqui / O Carreteiro
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