A canola vem avançando sobre os campos do Noroeste gaúcho nos últimos anos. Nos municípios de abrangência da Emater/RS-Ascar, na região administrativa de Santa Rosa, em relação ao ano passado, houve um acréscimo de 22% na área, que chegou a mais de 24.500 hectares em 2022. Sete de Setembro é um dos municípios que também percebeu essa evolução. Em 2018 a área cultivada era de 150ha, passando para 300ha em 2019, 500ha em 2020, 800ha em 2021, e chegando a mil hectares neste ano.
A lavoura do agricultor Ademar Dluzniewski entrou para a estatística. É o primeiro ano que cultivou canola. "Nós estávamos plantando trigo e soja e sentimos a necessidade de fazer uma rotação de cultura", afirma.
A área de 40 hectares implantada com a canola está atualmente em término de floração e enchimento de grãos. "Minha expectativa é colher no mínimo 30 sacas por hectare", comenta Dluzniewski.
Os atrativos
Os principais benefícios apontados pelos produtores, segundo o extensionista da Emater de Sete de Setembro, Irineu Kapelinski, são referentes ao melhor controle de invasoras em relação a outras culturas, como o trigo, aumento da produtividade das culturas implantadas na sucessão no próximo inverno e, principalmente, a oportunidade de implantar uma cultura de inverno com retorno econômico, seguindo com o milho na sucessão.
O produtor Leandro Mateus Mittelstadt, da localidade de Rincão dos Vieiros, cultiva canola desde 2020. "Decidi plantar canola para fazer rotação de culturas e para controlar o azevém da lavoura, o que se tornou mais fácil do que na cultura do trigo", comenta. Nestes três anos Mittelstadt também ampliou gradativamente a área, iniciando com 12 hectares, aumentando para 20ha, em 2021, e chegando em 32 ha, no ano de 2022.
A cultura da canola é uma alternativa interessante no sistema de rotação de culturas, com retorno econômico. Por ter seu cultivo recomendado pelo zoneamento permite aos agricultores financiar a lavoura com seguro agrícola. "Outro benefício é que se a cultura for implantada no início de abril permite o plantio do milho na sucessão ainda no mês de agosto, o que reduz o risco de perdas na cultura de verão, quando cultivado no início do período recomendado", destaca Kapelinski.
Conjuntura atual no município
A produtividade média do município tende a variar de acordo com o período de implantação da cultura, que se deu em diferentes momentos. Neste ano ocorreram períodos longos com umidade excessiva do solo e com pouca insolação nos meses de maio e junho, período em que algumas áreas de canola, cultivadas no início de abril, sofreram com abortamento da florada e falha no enchimento de grãos.
Diante disso, em Sete de Setembro, a produtividade média das primeiras lavouras colhidas variou de 12 a 15 sacas por hectare. As demais áreas, entretanto, cultivadas a partir do final de abril possuem melhores expectativas em função das condições climáticas favoráveis na fase reprodutiva.
Essa conjuntura tem se ratificado no caso de Mittelstadt. Nas primeiras áreas implantadas e já colhidas, a produtividade não atendeu às expectativas. "Nas 20 hectares que estão em floração o aspecto está bom e se não tiver geada vai produzir bem", observa o produtor.
A produtividade média da canola no município gira em torno de 20 a 30 sacas/ha, sendo que alguns produtores já obtiveram produtividades superiores a 40 sacas/ha.
Orientações
A canola prefere solos bem estruturados, ou seja, não tolera solos compactados e mal drenados. Durante o desenvolvimento vegetativo, o principal trato cultural necessário é o controle de invasoras. Durante esta fase, é importante o controle de pragas, quando detectada a necessidade, visto que uma boa área foliar reflete no aumento da produtividade. As pragas mais comuns são as traças, pulgões e lagartas que atacam na fase de desenvolvimento vegetativo e floração.
Kapelinski destaca a importância de adotar um manejo integrado de pragas, fazer o uso de produtos específicos, quando necessário, para o controle da praga. É preciso uma atenção especial durante a florada, onde as lavouras recebem a polinização pelas abelhas. A relação é recíproca, sendo que a presença das abelhas amplia o potencial de produtividade.
