


Por Karin Schmidt
Desde muito cedo aprendemos a propagar e cultivar o valor da cultura gaúcha.
Uma das formas que tão bem expressam esse sentimento são os Centros de Tradições Gaúchas (CTGs), que transcendem o Rio Grande do Sul.
Segundo o Movimento Tradicionalista Gaúcho (MTG), são mais de 1.600 CTGs no Estado, cerca de 1.300 no Brasil e 16 no exterior.
As atividades tradicionalistas têm papel importante na formação de crianças e jovens, pois, além da dança, estimulam conhecimento, amizade, convivência e determinação. É o caso do CTG Porteira das Missões, em Cerro Largo, que no último dia 3 de julho completou 54 anos de fundação. E, desde então, sua patronagem e associados seguem firme na missão de difundir a arte do tradicionalismo.
Em uma das apresentações de todos os grupos do CTG, conversei um tantinho com duas fofuras: Ariane Lauxen Tschiedel e Henrique Wolfard Moraes, de Cerro Largo, que fazem parte do Grupo Herança Farrapa e dançam na invernada Dente de Leite.
Aos sete anos de idade e com toda a pureza que trazem no coração, este gauchinho e esta prendinha falam em poucas, mas significativas palavras, sobre o amor e a importância da cultura gaúcha. "Quando a gente usa um vestido de prenda parece que estamos mostrando o nosso amor pelo Rio Grande", diz a meiga e linda Ariane.
KARIN SCHMIDT - Como foi que vocês começaram a dançar no CTG Porteira das Missões?
ARIANE – A minha mãe gosta muito de música gaúcha e me colocou pra dançar no CTG. Daí, logo comecei a gostar e quero continuar dançando aqui.
HENRIQUE – Eu vim pra cá por causa do meu pai, que também gosta de música gaúcha. Cada dia gosto mais de dançar aqui no CTG com as outras crianças.
KS – O que significa para vocês dançar músicas gauchescas?
ARIANE – Significa uma coisa muito boa, que me deixa sempre alegre e muito feliz.
HENRIQUE – Pra mim também. Eu gosto e acho bem importante a gente dançar no CTG.
KS - Então, dançar é coisa muito séria para vocês?
ARIANE – Sim. Quando estou dançando presto atenção em todos os passos pra não errar. Daí eu me concentro até conseguir fazer tudo bem certinho.
HENRIQUE – Sim, porque dançar não é uma brincadeira. É uma coisa muito séria na vida da gente.
KS - O que vocês têm a dizer para as crianças que não têm a mesma oportunidade?
ARIANE – Eu acho que muitas não vêm porque não têm dinheiro. Então, a gente pode pedir ajuda para todas as pessoas que moram em Cerro Largo, e também àquelas que vêm sempre aqui no CTG.
HENRIQUE – Bom, primeiro eu queria pedir que as crianças venham aqui conhecer o CTG, porque vão aprender e isso vai fazer bem pra elas. Vou ver com o meu pai se ele tem umas cinco notas de cem na carteira, daí também posso ajudar.
KS - Ser gaúcho é...
ARIANE – Quando a gente usa um vestido de prenda e parece que estamos mostrando o nosso amor pelo Rio Grande. É desse jeito que eu sinto.
HENRIQUE – Eu não sei como falar, mas nasci em Cerro Largo, quero crescer e trabalhar aqui. Só que sempre vou ficar no CTG, pra dançar e aprender todas as músicas gaúchas.