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Publicado em 11/06/2021 18:34:59 • Cultura

Dica de série: Sweet Tooth

Nova produção da Netflix é adorável, porém assustadora
Christian Convery dá vida a Gus, o protagonista (Foto: Divulgação)

A nova série da Netflix Sweet Tooth baseada na HQ escrita e ilustrada por Jeff Lemire, é um dos bons lançamentos recentes da plataforma.

Tal qual o gibi publicado em 2009, a série retrata um mundo pós-apocalíptico assolado por uma misteriosa pandemia conhecida como Flagelo, doença que surgiu de forma simultânea aos híbridos, crianças que nascem com características animais. Com o passar dos anos, os sobreviventes do Flagelo passaram a se dividir em tribos, milícias e cidades, com cada grupo desenvolvendo sua própria crença e tratamento para com as crianças-animais. O híbrido que protagoniza Sweet Tooth é Gus (Christian Convery), um garoto-cervo que cresceu isolado em uma reserve natural com seu pai (Will Forte) e, após uma sequência de eventos trágicos, parte em uma aventura em busca de sua mãe.

Mesmo que adapte o mundo criado por Lemire quase à perfeição, a versão da Netflix de Sweet Tooth muda alguns detalhes chave da trama dos gibis para manter a história surpreendente até para os mais fanáticos dos fãs. O Jepperd de Nonso Anozie, por exemplo, é um ex-jogador de futebol americano de grande coração e não o mal-intencionado jogador de hóquei que engana Gus no começo do quadrinho. Já o menino-cervo, vivido aqui pelo talentosíssimo Convery, tem uma fala menos travada que sua contraparte das páginas, além de ser menos desconfiado dos seres humanos que encontra. Essas diferenças, no entanto, não contradizem a natureza da criação de Lemire e ajudam o espectador a se conectar mais facilmente aos personagens, sejam coadjuvantes do gibi como Singh (Adeel Akhtar) e Wendy (Naledi Murray) ou personagens criados para o seriado, como Aimee (Dania Ramirez).

Seguindo a atmosfera do quadrinho, a produção da Netflix alterna momentos de esperança e carinho familiar com sequências de terror e desespero, com a natureza humana sendo o principal combustível para as ações de mocinhos e vilões.

Sem grandes rodeios ou discursos expositivos, o roteiro de Sweet Tooth torna fácil a tarefa de se envolver com a produção. Mesmo a presença de um narrador, que nem sempre é bem utilizada em séries episódicas, torna mais agradável a experiência de assistir à adaptação, cuja trama é, em retrospecto, pesada no cenário atual da pandemia. Sem pressa para desenvolver cada personagem, os capítulos de 50 minutos dão espaço para respiro entre uma lágrima e outra. Mesmo puxando dezenas de fios condutores em apenas oito episódios, os roteiristas desenvolvem a história de Gus e sua nova família de forma simples e concisa, otimizada por uma direção delicada que ajuda a compreender tanto o olhar do jovem híbrido quanto de seu gigantesco protetor.

Se estender em elogios a Sweet Tooth é desnecessário e redundante.

Apesar de ter qualidade de sobra, a série foi claramente concebida para ser assistida com o coração. Acompanhar a viagem de Gus e Jepperd, e todas as histórias que a cercam, é uma experiência tão emocional, que avaliá-la de maneira racional se torna uma tarefa ingrata e até mesmo injusta.

Se as próximas temporadas da versão da Netflix forem capazes de recriar esse sentimento, a série pode entrar para a história como a melhor produção original da plataforma.

Fonte: Nico Garófalo / Omelete
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