

Verão e festas de final de ano. Em qualquer momento, as frutas, com seu colorido e sabor, têm o consumo aumentado. Seja in natura ou em sucos, sobremesas, sorvetes ou smoothies, as frutas são saboreadas especialmente nessa época de altas temperaturas e de calor.
Melancia, uva, morango, pêssego, abacaxi, banana, pitaya e melão, entre várias outras frutícolas. Difícil resistir a tanto sabor cultivado no Rio Grande do Sul por agricultores familiares assistidos pelos extensionistas da Emater/RS-Ascar.
"O Rio Grande do Sul produz uma diversidade de frutas que colorem as mesas e o dia a dia de quem produz, mas também dos consumidores", ressalta o gerente técnico estadual e diretor técnico em exercício da Emater/RS-Ascar, Luis Bohn, ao analisar o aumento do consumo durante a estação do Verão, que no Hemisfério Sul iniciou no último domingo (21/12) e vai até 20 de março de 2026. "Nessa época, a procura por frutas aumenta, inclusive nas feiras, realizadas em quase todos os municípios gaúchos, em especial, no Litoral, no verão", diz Bohn.
De acordo com o Informativo Conjuntural, divulgado pela Emater/RS-Ascar, as temperaturas elevadas e a baixa umidade relativa do ar nos últimos períodos têm prejudicado algumas frutícolas, como melancia e melão, mas beneficiado as videiras, o abacaxi e o morango. Bohn ressalta a importância da irrigação para que o produtor possa enfrentar períodos de seca, como o atual. "A irrigação nesse momento, em especial para a viticultura ou mesmo as melancias e melões, é fundamental, pela necessidade fisiológica dessas frutíferas, pois permite que as frutas se desenvolvam a um tamanho de boa aparência", avalia.
MELANCIA, A CARA DO VERÃO
Estamos no auge da colheita da melancia, fruta que tem a cara do verão. Na região administrativa da Emater/RS-Ascar de Pelotas, os bons preços na comercialização da safra anterior despertaram nos produtores a intenção de aumentar a área a ser plantada. Na região de Soledade, a colheita está intensificada, com forte produção comercial nos municípios de Rio Pardo, General Câmara e Encruzilhada do Sul, numa área estimada em 1.800 hectares.
Na região de Porto Alegre, somente no município de São Jerônimo 60 produtores cultivam 800 hectares com melancia. Nesta safra, a expectativa de produtividade é de 35 ton/ha, “porém a falta de chuvas afeta algumas lavouras que não têm sistema de irrigação”, ressalta o extensionista Marcelo da Silva Fortes, que também atende 35 produtores de melancia de Arroio dos Ratos, numa área de 350 hectares. Segundo ele, as variedades mais cultivadas de melancia nos dois municípios são Manchester, Braba, Karistan, Top Gun e Talismã, basicamente através do sistema de produção convencional, com aração e gradagem.
Fortes avalia a tendência de aumento da área cultivada com melancia, em plantio consorciado com florestas, como acácia-negra e/ou eucalipto, fomentadas pelas empresas florestais. Outra tendência na região é a mudança de culturas. “Alguns produtores de soja, em função da descapitalização, partiram para o cultivo da melancia, que ocupa uma área bem menor e tem uma rentabilidade atrativa”, observa o extensionista.
Quanto à produtividade, o aumento é resultado do uso de tecnologias, como de irrigação por aspersão e fertirrigação por gotejamento. Atualmente, são irrigadas 60% das áreas de melancia nos municípios de São Jerônimo e Arroio dos Ratos. “Temos exemplos bem claros das vantagens de irrigar, com um produtor produzindo 15ton/ha e outro, do outro lado da estrada, produzindo 75ton/ha”, compara, ao recordar que, “quando o sistema de irrigação por gotejamento começou a aparecer nas lavouras de São Jerônimo e Arroio dos Ratos, os lavoureiros não acreditavam que aquele pinga-pinga fosse fazer diferença. Hoje, passados uns seis anos, a situação é bem diferente”, celebra.
Os produtores de melancia de São Jerônimo e de Arroio dos Ratos têm aderido a outras técnicas de cultivo, como o protetor solar, que evita a queimadura e a escaldadura das frutas. “Hoje o pessoal é adepto e já inclui o protetor solar no seu orçamento”, ressalta, ao comentar a urgência em desmistificar o branco na casca da melancia. “Não é veneno”, afirma o extensionista, ao explicar que a mancha branca na casca da fruta “é efeito do protetor solar, à base de caulim, uma rocha, sendo, portanto, um produto natural”. Segundo Fortes, “já se tem resultados benéficos da aplicação do protetor solar nas folhas e frutos, reduzindo a temperatura e como repelente de insetos”.
DOCE ABACAXI
No tradicional município produtor de abacaxi no Litoral do RS, Terra de Areia, 120 famílias produzem a fruta em 360 hectares, mas há uma rede de apoio e comercialização dessa fruta única, da variedade Pérola, se diferencia pelo sabor sempre doce. “O abacaxi é uma fruta não climatéria, ou seja, é colhida bem madura. Depois de desconectado da planta-mãe, ele pode mudar de cor, mas não acrescenta mais açúcares”, explica o extensionista e técnico em Agropecuária da Emater/RS-Ascar, Wolnei Marcio Fenner, ao destacar que, por ser colhido bem maduro, o abacaxi de Terra de Areia não suporta o transporte, a logística do pós-colheita. “É isso que o diferencia do abacaxi que vem de outros estados, e que é colhido muito verde, ficando com o sabor inferior ao nosso, que é acima da curva no sentido de sabor e doçura”, ressalta.
Para a safra 2025/2026 do abacaxi de Terra de Areia, a expectativa é de colher 7,5 milhões de frutos. “Então, para quem já conhece o abacaxi de Terra de Areia, a dica é aproveite, pois o clima neste ano tem sido muito favorável”, diz Fenner, ao ressaltar que “quem comprar não vai se arrepender”.
MORANGO COM COR E SABOR
O morango ou os moranguinhos no Rio Grande do Sul também estão no auge de produção. Atualmente, 588 hectares são cultivados por 2.631 famílias de agricultores. De acordo com os dados apresentados no Levantamento Frutícola de 2025 realizado pela Emater/RS-Ascar, as três principais regiões produtoras de morango são a Serra, Vale do Caí e também a região de Pelotas.
No Vale do Caí e na região de Pelotas, o morango é comercializado entre os meses de outubro a dezembro. Já na região da Serra, o auge da produção é do final de dezembro até o mês de fevereiro. As principais cultivares do Rio Grande do Sul são as de dias neutros, como San Andrés e Álbio, que têm a maior área cultivada. Tem também as variedades de dias curtos, também conhecidas como mais precoces, como a Fênix, Fronteiras e Caminho Real.
“As frutas deste ano estão com ótima qualidade, se demonstrando uma excelente safra, com colaboração do clima, apesar do pequeno atraso em relação ao seu início, em função das fortes geadas que tivemos no Estado. Mas após essa ocorrência, está tudo bem e prometendo uma grande safra e um ótimo ano produtivo”, destaca o extensionista Thompsson Benhur Didoné.
Na região de Pelotas, a cultura segue em plena produção, com frutos de excelente qualidade, calibre, coloração e sabor. As plantas continuam com muito boa floração, o que indica aumento de produção nas próximas semanas. Em Turuçu, os produtores da Associação de Produtores de Morango se reuniram para programar as encomendas das mudas para o próximo ano, que são organizadas, fomentadas e subsidiadas pela Prefeitura, com apoio da Emater/RS-Ascar. Já na região de Santa Rosa, as plantas apresentam boa floração e produção, e os frutos, muita qualidade. Devido às temperaturas elevadas, houve aumento na polinização das abelhas de diversas espécies, e os produtores avaliam a necessidade maior de água das fertirrigações.
Na região dos Vales está o município de Bom Princípio, conhecido como a Terra do Moranguinho, famosa pela grande produção e pela realização anual da Festa Nacional do Moranguinho, em setembro, um evento que celebra a cultura da fruta no Vale do Caí. A cultura encontra-se em colheita, com frutos de boa qualidade e produtividade, e demanda de mercado satisfatória.
“O Rio Grande do Sul tem a fruticultura como uma de suas vocações reprodutivas, uma das suas grandes tradições, como como característica a produção dentro de uma diversidade, diante do clima que temos nas regiões. A safra de verão de 2026 está ofertando frutas com sensacional aparência, qualidade e sabor”, conclui Bohn.