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Publicado em 16/08/2019 09:14:29 • Cultura

Múmia Iret-Neferet ganha um rosto

Isso somente foi possível graças a uma técnica de reconstrução facial em imagem 3D
Crédito: Divulgação / Cícero Moraes

Iret-Neferet, o crânio pertencente a uma mulher de 40 anos que viveu no Egito entre 768-476 antes de Cristo, ganhou um rosto com a ajuda da técnica de reconstrução facial em imagem tridimensional (3D).

Identificada oficialmente em maio deste ano, depois de passar as últimas décadas preservada numa caixa de vidro no museu do Centro Cultural 25 de Julho, em Cerro Largo, a múmia teve a face apresentada nesta ontem (15), durante o evento "Achados sobre a Múmia Iret-Neferet", no auditório Irmão José Otão, no Hospital São Lucas da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC).

A peça teve a identificação confirmada pelo pós-doutor em História, pesquisador e caçador de relíquias Édison Hüttner, também coordenador do Grupo de Estudo Identidades Afro-Egípcias da PUCRS.

As pesquisas para a confirmação de que se tratava de uma múmia duraram um ano e envolveram até o exame para datação por radiocarbono (C14), realizado num laboratório nos Estados Unidos.

A múmia autenticamente egípcia é uma das duas identificadas hoje no Brasil - a outra, chamada de Tothmea, está no Museu Egípcio e Rosa Cruz, em Curitiba (PR).

RECONSTRUÇÃO EM 3D

Referência no Brasil em reconstrução facial forense, o 3D designer matogrossense Cicero Moraes, foi contatado pelo arqueólogo Moacir Elias Santos para dar uma identificação à Iret-Neferet. Ele baseou-se nas imagens de tomografia do crânio para criar um modelo virtual e tridimensional correspondente à estrutura anatômica.

Depois, esculpiu digitalmente e detalhou o rosto, o tom de pele e os cabelos a partir das informações repassadas por Santos, especialista em Egito Antigo, coordenador do projeto Tothmea, no Museu Egípcio e Rosa Cruz, em Curitiba (PR), e integrante do Museu de Arqueologia Ciro Flamarion Cardos, em Ponta Grossa (PR). O cirurgião bucomaxilofacial Éder Hüttner, responsável pelo laudo que identificou nove dentes intactos no crânio e o próprio caçador de relíquias também auxiliaram com informações.

De acordo com os especialistas, o crânio identificado no Rio Grande do Sul tem extrema relevância para o Brasil. A perda das seis múmias egípcias - cinco trazidas por Dom Pedro I, em 1826, e outra trazida por Dom Pedro II, em 1875 - e de todo o restante da coleção que estava no Museu Nacional deixou o país praticamente órfão desta parte da história dos povos antigos. Atualmente, há apenas um exemplar em exposição, a Tothmea, no museu do Paraná, cuja reconstrução facial também foi feita por Moraes.

Depois de ser divulgado no evento da PUCRS, o crânio será levado de volta para Cerro Largo, nesta sexta-feira (16).

No próximo domingo (18), haverá uma apresentação oficial durante evento no salão da Paróquia Sagrada Família de Nazaré, onde Hüttner mostrará como foi realizada a pesquisa.

O CRÂNIO EM DETALHES

O crânio pertenceu a uma mulher, na faixa dos 40 anos, que viveu no Egito, no período entre 768-476 antes de Cristo, compreendendo o final do Período Intermediário III (1070-712) e início do Período Tardio (Saíta-Persa: 712-332 a.C.).

Mede 19cm de largura, 21cm de comprimento e possui 21cm de altura, pesando 1,7 quilo.

A múmia possui um olho artificial feito de rocha, com 2,5cm de alturra e 2,6cm de largura, e pesa sete gramas.

A perfuração no crânio tem 12mm sobre o osso etmoide na porção centro-esquerda para a remoção do cérebro.

O crânio tem nove dentes e palato (curva que separa cavidade oral das cavidades nasais) intacto.

Há fios de cabelos entre 0,4mm e 0,6mm.

A faixa de linho que envolve a cabeça tem 13cm de comprimento e 12cm de largura. Foram contadas 22 faixas, de linho e seda, envolvendo a cabeça.

A cabeça de múmia tem resinas, podendo ser cera de abelha, betume ou outras substâncias.

 

Apoio Cultural:

Lions Clube, Leo Clube, Rotary Club, Rotaract Club, Interact Club

Fonte: Aline Custódio / GaúchaZH
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