


Após quase um ano, desde que foi levada para a Pontifícia Universidade Católica (PUC), em Porto Alegre, onde foi estudada e analisada pela equipe do professor doutor Édison Hüttner, a "Múmia de Cerro Largo", batizada pelos pesquisadores de Iret-Neferet, voltou para sua casa, o Museu 25 de Julho.
AUTENTICIDADE
Os estudos descobriram que o crânio pertenceu a uma mulher, na faixa de 40 anos de idade, que viveu no Egito entre 768-476 antes de Cristo. A identificação oficial ocorreu em maio, por meio de minuciosa pesquisa científica realizada pelo Grupo de Trabalho Identidades Afro-Egípcias da PUCRS.
Desde que a autenticidade da múmia foi confirmada, foram realizados eventos e exposições em Porto Alegre. Na sexta-feira passada ela foi trazida para Cerro Largo e, domingo (18), reapresentada ao público durante atividade promovida pelo Centro Cultural 25 de Julho, no salão paroquial católico.
Coube ao presidente José Claudino Hister, ao assessor cultura Guido Casildo Henz, ao professor Édison Hüttner e ao vice-prefeito Pedro Butzen fazerem a apresentação oficial da peça.
ALMOÇO DO DIA DO IMIGRANTE
Ao meio-dia foi realizado o tradicional Almoço em homenagem ao Dia do Imigrante, pelo Centro Cultural 25 de Julho, este ano agendado para esta data para coincidir com o retorno de Iret-Neferet.
ESPAÇO IRET-NEFERET
Estava prevista uma Caminhada Cultural, à tarde, para levar a múmia até o Museu 25 de Julho, que acabou sendo cancelada devido à instabilidade climática.
Após ser cuidadosamente preparada para o transporte, Iret-Neferet foi levada ao Museu, onde permanecerá em exposição num espaço especialmente preparado para recebê-la de maneira permanente, com banners e painéis sobre a pesquisa desenvolvida na PUCRS e também sobre o Egito antigo.
No Egito, havia a crença na imortalidade da alma. A fim de que isso acontecesse, acreditavam que o corpo físico deveria estar preservado para se tornar imortal no mundo dos espíritos. O retorno à vida aconteceria e, como o corpo (Ká) era sede da alma (Rá), iria abrigar a volta desta. E será que não há alguma lógica nisso? Cerca de 2.500 anos depois estamos nós aqui estudando e refletindo a respeito de como viveu e quem foi a pessoa que foi batizada pelos nossos pesquisadores de Iret-Neferet. Não houvesse sido mumificada, seus restos mortais teriam sidos dispersados nas areias do Egito e desaparecidos no tempo, mas felizmente ao menos uma parte do seu corpo foi preservada pela mumificação e há nela uma espécie de imortalidade, pois mesmo que de forma quase ficcional é possível extrapolar que as informações genéticas de seu DNA um dia possam ser recriadas.
A religião era caracteristicamente politeísta zooantropomórfica, com a mescla de divindades humanas e animais e a crença na vida após a morte. As Casas de Morte eram os locais onde o processo de mumificação ocorria, feito por um profissional e individualizado conforme a casta social e condição econômica do defunto. Hoje temos informações daquela época por análise dos papiros e pinturas da época. Para os faraós e outros nobres, sarcófagos, tumbas e pirâmides eram construídos para abrigarem os corpos mumificados.