


Entre os mais de dois mil itens do Museu 25 de Julho - em que o destaque é a múmia egípcia Iret-Neferet - está uma preciosidade da história farmacêutica do Rio Grande do Sul: uma embalagem original da essência Olina, datada da segunda década do século passado.
A farmacêutica Fabíola Henz Giovelli, filha do professor e historiador Guido Casildo Henz, ao participar de uma convenção estadual de farmácias, em Gramado, no ano passado, conheceu Max Wesp, neto do oficial de farmácia João Wesp, um alemão que ao vir para o Rio Grande do Sul, começou a produzir a "Essência de Vida", que iria se popularizar como o nome de Olina.
DOAÇÃO
Conversando com o herdeiro do Laboratório Wesp, Fabíola falou sobre o Centro Cultural 25 de Julho e, para sua surpresa e satisfação, ganhou uma doação para incorporar ao acervo do museu: uma embalagem original da essência Olina, de 1916, composta pelo frasco de vidro e caixinha de papel; uma cópia do primeiro cartaz do medicamento, que era desenhado à mão no começo do século passado, e uma foto de João Wesp, montado numa mula, que era a maneira que ele percorria comunidades do interior gaúcho, principalmente colônias de origem germânica e vendia o produto de porta em porta.
Tanto a embalagem como o cartaz levam a data de 3 de maio de 1916, que foi quando ocorreu a inauguração do laboratório, em Porto Alegre, no local onde se produziu Olina por 97 anos. Agora o Laboratório Wesp está num prédio com 2.400m², em Canoas.
REDOMA DE VIDRO
Segundo Guido Henz, a doação chegou ao Museu 25 de Julho em outubro de 2018 e, neste tempo, houve uma preparação para a exposição, como a emolduração do cartaz e da foto, bem como a confecção de uma redoma de vidro para proteger o frasco e a embalagem de papel da Olina.
MUSEU
O Museu 25 de Julho, mantido pelo Centro Cultural, começou a ser formado a partir de 1972, iniciando com a doação de algumas coleções particulares.
Atualmente reúne cerca de dois mil itens, com destaque para objetos relacionados à imigração alemã e reduções jesuíticas, entre tantas outras peças, máquinas, móveis, utensílios domésticos, instrumentos musicais e livros.
1911 - A CHEGADA NO BRASIL
Imigrante alemão, o oficial de farmácia João Wesp chega ao Brasil trazendo consigo a fórmula do medicamento "Essência de Vida" (uma combinação de sete ervas), que fabricava anteriormente na Alemanha ao lado de um colega, o Dr. J. Spanger.
1912 - FABRICAÇÃO TRADICIONAL
A produção inicial do medicamento era completamente artesanal, utilizando um processo de envelhecimento em barris de carvalho. João Wesp, ao lado da família, embalava a "Essência de Vida" em sua própria residência e percorria as colônias alemãs do interior do estado, vendendo de casa em casa.
1916 - O LABORATÓRIO
Em 1916 é inaugurado, em Porto Alegre, o Laboratório Wesp, no mesmo local por 97 anos. Acompanhando o crescimento da marca ao longo dos anos, o laboratório expandiu e hoje possui uma área construída de 2.400m² na cidade de Canoas, na região metropolitana.
1919 - O SURGIMENTO DA OLINA
1919 foi o ano em que o produto foi comercialmente registrado. Embora fosse amplamente conhecido como “Essência de Vida”, era necessário algo a mais para torná-lo único. Assim, João Wesp decidiu homenagear sua terra natal e batizar o medicamento de Olina, um nome feminino tradicional na Alemanha e semelhante ao nome de sua irmã: Lina.
1964 - O FIM DE UM CAPÍTULO
João Wesp faleceu em 1964, pouco antes da empresa completar 50 anos. Sua viúva e o filho Alfredo Wesp deram continuidade ao seu legado e atualmente a quarta geração da família Wesp trabalha na empresa.
PIONEIRA NO RIO GRANDE DO SUL
A Olina foi o primeiro medicamento do Rio Grande do Sul a ser registrado em cartório. O documento original está exposto no Museu da Farmácia, em Porto Alegre.