


Ela se chama Diva Maria Mattes Klein, tem 73 anos e há 37 mora entre as flores. Uma história de amizade, dedicação e amor fraterno, que começou há muito tempo, ao lado de seu esposo, Elmo Roque Klein (in memorian).
No local, em Salvador das Missões, tinha um comércio de tecidos e também funcionava a antiga estação rodoviária. Dona Diva é daquelas pessoas que exalam luz e o perfume das flores por onde passam. E só tem uma preocupação que lhe causa tristeza. Mas isso, ela mesma vai contar.
Karin Schmidt - Como começou esta amizade?
Diva Klein - Eu sempre gostei de flores, assim como os meus pais. E um dia, meu marido começou a plantar violetas e outras plantas. Ele foi deixando tudo dentro da nossa casa, que ainda é a mesma. Desse dia em diante, as flores foram aumentando cada vez mais. Há sete anos ele faleceu e isso me entristeu bastante. Mas, eu continuo cultivando tudo e do jeito que ele cuidava.
KS - Qual o valor sentimental de viver entre as flores há tantos anos?
DK - Ter flores é ter vida de verdade. Ter paz e alegria no coração. Elas são minhas amiguinhas. Quando uma está doente, murchando, logo chego e pergunto: amiguinha, o que você tem? Estou aqui e vou cuidar de você. Daí noto que a florzinha vai melhorando e logo fica boa.
KS - E a senhora sente a mesma reciprocidade?
DK - Sim, a mesma. Porque quando não me sinto bem, ou estou sem sono, levanto durante a noite e fico bem pertinho delas. E assim, aos poucos vou me sentindo melhor e o sono volta. É uma alegria acordar e olhar pra elas.
KS - As flores estão à venda?
DK - Sim, eu vendo também, mas gosto mais de presentear os amigos com flores. Cultivo muitas mudinhas, pra que nunca terminem. E me sinto feliz quando as pessoas ficam admirando minhas flores pela vitrine, porque percebo que as florzinhas ficam mais alegres.
KS - Morar com as flores é....
DK - É cultivar amor, amizade e muitas lembranças bonitas com o meu marido. Sabe que, um dia, numa festa, Elmo me chamou pra dançar. Dançamos duas marcas e ele disse: Diva, tu nunca mais vai sair de perto de mim. E assim foi, enquanto ele esteve aqui, ao meu lado e das nossas flores.
KS - A senhora se emociona quando fala em seu esposo, mas também nas flores. Tem algo que lhe causa alguma tristeza?
DK - Eu tenho uma preocupação que me entristece o coração. Eu fico pensando, quando eu não estiver mais aqui, quem vai cuidar das minhas flores? Ninguém vai ter espaço pra todas elas. Aqui é a casa das minhas florzinhas e elas estão acostumadas comigo. Somos amigas de verdade e não me imagino longe delas.
É, dona Diva, com certeza nem as suas florzinhas imaginam ficar longe da senhora, do seu carinho, seus cuidados e sua amizade. Porque, Diva das Flores, só tem uma...