


Se você já se assustou ao ver uma lagartixa cruzando a parede da sala, pode respirar aliviado: apesar da fama injusta, as lagartixas domésticas são totalmente inofensivas para os humanos. Nada de veneno, mordidas perigosas ou transmissão de doenças.
Na verdade, a presença esporádica delas pode ser um bom sinal. A espécie Hemidactylus mabouia, da família dos geckos, é uma caçadora de respeito. Seu cardápio inclui moscas, traças, mariposas, baratinhas e até o temido mosquito da dengue.
Ou seja: se você topar com uma lagartixa no teto, pense duas vezes antes de expulsá-la. Ela está ali prestando um serviço gratuito de controle de pragas.
Lagartixas podem transmitir uma doença silenciosa e perigosa para felinos: a platinosomose. Seu causador, Platynosomum fastosum, é um parasita que pode se esconder nas entranhas desses répteis e quando ingerido (mesmo por acidente) pode inflamar e até obstruir as vias biliares do gato, o que, em casos graves, pode levar à morte. O mais preocupante? Muitos gatos infectados nem apresentam sintomas no começo.
Se o seu bichano andou brincando de predador e você suspeita que ele tenha devorado uma lagartixa, fique atento a sinais como vômitos, perda de peso, falta de apetite, diarreia e olhos amarelados. E não hesite: leve-o ao veterinário. Com diagnóstico precoce, é possível evitar complicações.
E os cães? Embora a platinosomose seja exclusiva dos gatos, cães também não saem totalmente ilesos do contato com lagartixas. Ingeri-las pode não causar essa doença específica, mas ainda há o risco de contaminação por outros parasitas intestinais ou reações gastrointestinais. Em resumo: vale ficar de olho.
Se a ideia de ver uma lagartixa passeando pela sua casa causa arrepios, saiba que dá para manter esses pequenos répteis longe, sem exageros ou paranoia. E o segredo está em seguir os "quatro as", uma estratégia prática e indicada por especialistas.
Acesso: faça uma vistoria em frestas de portas, janelas, caixas, sacolas de compras e até ralos destampados e bloqueie os pontos vulneráveis com telas, vedações ou rodinhos.
Abrigo: entulhos, pilhas de madeira, caixas empoeiradas ou aquele quartinho esquecido viram hotéis cinco estrelas para lagartixas, aranhas e até escorpiões. A dica é simples: menos bagunça, menos bicho.
Alimento: se sua casa está cheia de formigas, baratinhas ou mosquitinhos, os répteis só estão seguindo o buffet. Manter a população de insetos sob controle é uma forma eficaz (e indireta) de afastar os predadores também.
Água: pontos de umidade e vazamentos favorecem não só lagartixas, mas lacraias, escorpiões e outros hóspedes indesejados. Elimine acúmulos de água e mantenha a casa bem ventilada. Sem umidade, a vida desses animais fica bem mais difícil.
Inseticidas e repelentes podem ajudar, mas é preciso escolher bem: opte por produtos seguros para animais de estimação, especialmente se você tem cães ou gatos circulando pelos cômodos. Hoje já existem fórmulas com baixa toxicidade que afastam lagartixas e pragas domésticas — sem fazer mal ao seu bichinho.