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Publicado em 28/11/2022 11:45:02 • Opinião

Seguir em frente

Sentimos mais a ausência das coisas do que a presença delas
Crédito: Reprodução

Uma frase que volta e meia vejo na internet, que me marcou de várias maneiras, é "não fique triste porque acabou, sorria porque aconteceu". Essa frase captura muito bem a transitoriedade das coisas e a dificuldade que temos em nos desapegar delas. Tudo na vida é passageiro, mas as marcas que as passagens deixam na gente não, em outras palavras, ter um pai, uma mãe, um irmão, um cachorro ou uma namorada é algo que (na maioria dos casos) não se mantém por toda a vida, mas as experiências, aprendizados e memórias são coisas que a gente com certeza leva até o caixão.

Sentimos mais a ausência das coisas do que a presença delas. A saudade é uma força maior do que o encontro com o objeto desejado. Posso muito bem ter saudade da minha escola e faria de tudo para ter uma aula com meus colegas e professores novamente, mas só por um dia, no outro já lembraria do tédio que era minha vida escolar e já estaria ansioso para que tudo acabasse novamente.

É possível treinar a nossa mente para estar mais no momento no presente e menos identificada com todos esses vínculos que fazemos com as coisas que perdemos um dia, embora não seja possível que deixemos de sentir o que tem que ser sentido. Não se deve confundir desapego com indiferença. Se eu um dia visse minha prateleira de livros pegando fogo eu não posso sentir outra coisa que não tristeza, mas eu tenho sempre a escolha de ficar me martirizando com esse sentimento ou de seguir em frente, não sem dor, mas talvez sem sofrimento (a dor é inevitável, o sofrimento é opcional). Essa é a principal tese do psiquiatra austríaco Viktor Frankl.

Frankl foi um médico judeu, que viveu três anos em campos de concentração. Com o fim da guerra, descobriu que os nazistas haviam matado sua esposa, seu irmão e seus pais. Superou o desespero e escreveu um livro muito popular chamado O homem em busca de um sentido. Ao contrário de Freud, Frankl acreditava que o impulso fundamental das pessoas não está na busca do prazer, mas de encontrar sentido em suas vidas. Ele escreveu "tudo pode ser tirado de um homem, menos uma coisa, a última das liberdades humanas: escolher uma atitude em quaisquer circunstâncias".

O que está em jogo aqui, na visão de Frankl, é que nunca perdemos a liberdade de nos reinventar. Ele mesmo voltou a se casar, publicou dezenas de livros e ganhou o título de Doutor Honoris Causa em nada menos que 29 universidades, palestrando pelo mundo até sua morte, aos 92 anos. Esse homem não sorriu pelo que lhe aconteceu, mas também não deixou de viver por isso, embora não de forma indiferente. Talvez esse seja o sentido da vida: seguir em frente!

Fonte: Leonardo Stoffels / Psicólogo
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