


"Não tem saída, um negócio só se sustenta com tecnologia e digitalização de processos na produção e rotinas".
A declaração é de Henrique Lunkes, cerro-larguense que se tornou referência em empreendedorismo, informática, sustentabilidade e digitalização na organização de empresas.
Não faz muito tempo, Lunkes trabalhava na oficina mecânica de seu pai, em Cerro Largo. Essa rotina, de repente mudou, a partir do convite recebido de um primo, para fazer um curso de Técnico de Informática, em São Luiz Gonzaga. Foi, viu e gostou. E até obter a titulação que o curso lhe garantia, frequentava o curso por meio de uma excursão de estudantes.
Ao abrir sua palestra, ontem (17), no Almoço de Ideias da ACI de São Luiz Gonzaga, denominada "Construindo o próximo degrau", Henrique Lunkes contou sua história pessoal com muitos exemplos de aprendizado, superação, coragem nas atitudes e a definição de propósitos, que o colocou na condição de executivo de uma das maiores empresas do País no ramo de imersão em negócios, para ter um lugar certo no mundo empresarial.
EM CONSTANTE PREPARAÇÃO
Depois do curso de Técnico em Informática, em São Luiz Gonzaga, Henrique Lunkes foi três vezes a São Paulo para fazer especializações em várias áreas da Informática, com a finalidade de conseguir colocação em uma delas no ramo de atividade pelo qual se apaixonara. Mas essa caminhada estava recheada de imprevistos, que poderiam ter derrubado o sonho de futuro melhor atuando na área da Informática.
Mas feita essa preparação inicial, precisou voltar à atividade de mecânico na mesma oficina onde trabalhava e ficou aguardando oportunidades. Em Cerro Largo e na região, distribuiu currículos nas empresas do ramo e não escondia a ansiosa expectativa por uma oportunidade. Até que recebeu chamado de empresa de Cerro Largo, onde foi demitido três meses depois, porque se encontrava em estado de muitas dificuldades financeiras. Foi então que chegou ao seu conhecimento, proposta de trabalho enviada por empresa de Guarani das Missões. Como mecânico, ele ganhava R$ 800,00 mensais. Na oferta de emprego, o salário ofertado era de R$ 450,00 mensais. Sua resposta foi: "quando começamos?". Seu objetivo imediato era conquistar experiência e fazer currículo na área de Informática, para conquistar o seu próximo degrau funcional. Lunkes tinha confiança que com o conhecimento já adquirido, tinha condições para operar em quase todas as áreas de trabalho em uma pequena e média empresa, no campo do mundo digital. A experiência foi válida e nessa empresa permaneceu por um ano e meio.
O NEGÓCIO PRÓPRIO
Foi nesse momento que decidiu, com o primo que o estimulara a fazer o curso de Técnico de Informática, a abrir negócio próprio, tendo como produto, consultoria em Informática. Henrique não esquece a data: foi em 27 de outubro de 2011 que a empresa iniciou atividades.
Ocupava uma sala de 30m2, com equipamentos limitados, mas apropriados ao ramo, decididos a cumprir o lema que criaram para sua prestação de serviços: "rapidez e qualidade", isto é, recebida uma consulta, uma tarefa, um atendimento, tudo precisava ser feito com mais rapidez que outros operadores e com qualidade superior ao que oferecia o mercado.
CONSTANTE ATUALIZAÇÃO
Esclareceu que no campo da Informática é onde mais se sente a necessidade de constante atualização, porque é um ramo novo e dinâmico, com a maior parte de suas operações ainda não disponsíveis, porque só a atividade em laboratórios digitais, em constantes pesquisas, identifica os caminhos que revolucionam operações diversas, nos mais variados campos de trabalho.
Lunkes não parava de estudar. As horas vagas – manhã antes do trabalho, à noite, depois do trabalho, encolher o horário de sono e aproveitar a madrugada para ler, estudar, se aprofundar em sua atividade. Isso foi feito de forma consciente por meses seguidos. A empresa cresceu e Henrique Lunkes era um dos operadores, resolvendo consultas e descobrindo janelas, atalhos e produtividade virtual. Até que um dia percebeu que caíra em "zona de conforto", resolvendo questões pequenas, sem crescer na profissão. Estava em 'status quo'.
Corajosamente procurou o seu sócio para vender-lhe sua parte na sociedade. Desejava ir em busca de novos desafios, para aprender mais, ser profissional diferenciado. E foi.
O GRANDE PASSO
Depois de quatro meses em Curitiba, onde fez imersão no mundo do empreendedorismo, Henrique Lunkes passou a integrar a empresa A Magia do Mundo dos Negócios, que oferece portal de negócios, eventos comemorativos e negócios internacionais, com sede em São Paulo.
No ano passado, deu um grande salto para crescer ainda mais, quando foi fazer uma imersão de 10 dias no Vale do Silício, o centro tecnológico e digital dos Estados Unidos, onde estão instaladas empresas como a Apple e a Microsoft. Lá deu sentido técnico à expressão 'pontes tecnológicas', para reduzir o caminho entre operações já em uso e assim obter mais produtividade. Explicou que um negócio inicia quando se identifica o 'propósito', isto é, o que desejamos fazer ou alcançar, sabendo efetivamente qual o melhor caminho para chegar a esse objetivo.
EXEMPLOS DE SUCESSO
Deu detalhes de operações que revolucionaram o mundo digital, como a criação do Mercado Livre, que tem várias facetas e o envolvimento de milhares de pessoas, cada qual com seu produto. Também contou o case do Magazine Luiza, que tem um laboratório de tecnologia e inovação, que trabalha em tempo integral na busca de facilidades operacionais e criação de aplicativos para movimentar negócios em vários perfis de produtos.
Outro exemplo de atitude renovadora por excelência veio da Zaitt, empresa que opera supermercado sem nenhum funcionário e o roteiro para atualizar empresas tradicionais, desde a identificação de seu propósito, isto é, como trabalhar e conquistar espaço no mercado, por novos caminhos, o da tecnologia digital. Citou que muitas empresas valorizam em quadros expostos no interior de suas sedes, a "Missão, Visão e Valores", nos quais sustentam suas atividades, mas citou que nem sempre essas intenções são lembradas no dia a dia.
TRABALHAR POR METAS
Citou que trabalhar com metas é uma forma consagrada que continua crescendo e citou que 75% das empresas que em 2019 têm suportes em aplicativos, não existiam em 2010. Isso quer dizer que as empresas que não se renovarem, perderão espaço e encerrarão atividades, porque não terão clientes. Daí a máxima que se vê em escritórios digitais que modernizam empresas: "ou você é digital ou você vai se tornar".
O CASO KODAK
Henrique Lunkes lembrou o caso da Kodak, maior empresa do mundo na produção de filmes fotográficos. Sua diretoria e área técnica tiveram notícias do avanço digital, tornando dispensável seu maior produto, o filme. Chegaram a desenvolver a máquina fotográfica digital, mas seguraram o lançamento para continuar vendendo filmes. Quando tentou entrar no mercado, não encontrou espaço, os concorrentes acreditaram no digital e ganharam 100% do mercado da Kodak, que viu-se obrigada a encerrar atividades. Esse destino está reservado para quem achar que pode esperar mais um pouco para se digitalizar.
Enquanto a Kodak – nome de conceito internacional e sinônimo de máquina fotográfica - a Natura, fábrica de cosméticos, ao contrário, assumiu 100% tecnologias adequadas aos seus produtos, para produzir e vender. Só a excelência interessa a empresas modernas.
Do tempo de mecânico, guarda uma lembrança que continua valendo para todos os seus dias: "Faça sempre o teu melhor", com preparação constante e imersão no negócio. Se paga um preço, disse Lunkes, porque tudo resulta de trabalho e dedicação, mas o que se conquista em satisfação e descobertas pessoais, compensam todos os sacrifícios.
O Almoço de Ideias foi realizado no Espaço Messa, em São Luiz Gonzaga, e teve a presença de aproximadamente 100 pessoas.