


A década de 50 é referência na projeção de estruturas montadas de forma adequada para a competição de surfistas, interessados em dirigir arranjos mais leves, nas dunas da Califórnia (Estados Unidos). A leveza era dada por tubos especiais e o interesse conciliava o prazer da aventura com o alto desempenho e a baixa manutenção dos mesmos.
No Brasil, carros modificados, adaptados para a disputa de competições, começaram a aparecer nos anos 80, no auge dos campeonatos de Auto Cross, com o mesmo intento. As gaiolas tubulares passaram a ser 'as queridinhas' dos apaixonados pelo esporte a motor, podendo ter um design de beleza e personalizado em harmonia com o gosto e o interesse do piloto. E ter, ainda, a estrutura aumentando a segurança e operando em precisão na condução do veículo.
Gaiolas tubulares são esses veículos automotores construídos com tubos de aço, na forma artesanal e que passam a ideia de que o piloto se encontra 'engaiolado' na sua estrutura. Esses veículos são usados para a participação em provas de adrenalina e velocidade na terra.
O esporte, que sugere inúmeras emoções à velocidade na terra, é praticado também por pilotos de carros adaptados, não no formato gaiola - como Kadett, Chevette, Jeep -, em pistas próprias para os treinos. É de extrema importância que o veículo apresente toda a segurança possível. Sendo assim, a qualidade ao transformar o modelo em carro de competição, precisa aliar a tecnologia aplicada à estrutura, suspensão, freio e pneu.
EM CERRO LARGO
Em Cerro Largo, a pista de corrida de gaiolas e preparados está situada na Vila Santa Maria e é considerada um cantinho de lazer, que aproxima amigos e famílias de quem simpatiza com este esporte. É um local planejado e estruturado com segurança, que segue regulamentos ligados à prática do piloto, bem como à atenção ao veículo e ao local de treino. O uso de itens indispensáveis, como capacetes e cinto, é controlado com rigidez, para a garantia de uma prática responsável e com consciência. É um local pensado para que os pilotos treinem com segurança e em lugar apropriado, podendo receber um público interessado em ver a corrida, em incentivar ao bom desempenho, em vibrar com resultados, em sair da rotina diária, enfim.
Na forma legal, o Jeep Gaiola Clube Cerro Largo buscou a liberação e o alvará para o funcionamento da pista. O clube, que já tem Estatuto e CNPJ, conta com a atuação de quatro pilotos de competição automobilística: Fernando Antes, Djeines Klein, Paulo Roberto Dewes e Gustavo Luiz Theobald.
Na memória dos pilotos está, ainda, o nome do saudoso Roberto Busse, que foi vice-campeão sul-brasileiro. Busse vem sendo lembrado em inúmeros eventos por pilotos que o tem como o 'eterno campeão', que deixou não só um legado de vitórias, mas a lembrança de motivador a esse esporte que vem ganhando adeptos e simpatizantes, alcançando recorde de espectadores.
Theobald (38), presidente do clube, é piloto competidor na categoria Gaiola 4x2 Aspirado. Por amor ao esporte e incentivado pelos amigos, passou a participar com eles do Campeonato Brasileiro de Jeep e Gaiola Cross. "Com essa brincadeira de final de semana, nós começamos a fazer uma pista, em propriedade da família, para andar, brincar, correr no final de semana. E nos vimos obrigados a formar uma associação de pilotos com CNPJ, para legalizar a pista, fazer licença ambiental, licença de bombeiros, alvará da prefeitura e, hoje, a mesma se encontra legalizada, tudo nos conformes", comentou.
Segundo Theobald, há pouco incentivo da mídia a este esporte, falta de patrocínio e muita crítica da população, principalmente devido ao barulho que, segundo ele, ocorre, também, em outros ambientes locais: "toda mídia brasileira se preocupa muito com o futebol. Os carros e demais esportes são deixados de lado. Eu acredito que se nós tivéssemos um terço de pistas, da quantidade de campos de futebol que tem nas cidades, nós teríamos muito mais pilotos representando a própria cidade de Cerro Largo".
Disposição, ousadia, coragem e determinação são algumas das características dos pilotos do Jeep Gaiola Clube Cerro Largo, que vêm usando, hoje, a pista para o treinamento dos pilotos: "sim, é usada para treinos. Lógico que tem mais gente usando de maneira amadora; mas nós, que participamos de campeonatos, usamos para treino, porque a única maneira de nós testarmos nossos carros, gaiolas e Jeeps é na pista. Suspensão, motor, tudo precisa ser testado", expressou Theobald.
A primeira prova deste ano aconteceu no início de março, em Horizontina (RS). Mas, com a pandemia da Covid-19, oito provas confirmadas para 2020 foram canceladas. Sobre as expectativas futuras, Theobald comentou: "no momento, não existe expectativa de realização de campeonato, nem de prova, nem de evento na pista, porque engloba muitos outros fatores, não somente pista. Lógico, se tivesse, talvez, um lugar amplo, com mais capacidade, em que pudesse ser feita uma prova com estrutura, com espaço...; mas, hoje, na nossa pista não tem como".
Mesmo frente aos desafios impostos por este momento conturbado, a participação ao esporte tem significado de renovo à vida pessoal dos pilotos, principalmente no que se refere ao fato de poder estar com a família e em movimentação prazerosa sobre rodas, ao mesmo tempo. Theobald finalizou: "eu comecei no esporte de maneira amadora, de brincadeira, pra descarregar no final de semana. Assim como alguns jogam futebol, eu gosto de correr de carro. Hoje, eu participo das competições. É lógico que muita gente quer ficar em primeiro, eu também quero ficar em primeiro; mas não é o que mais me motiva. Eu participo do campeonato, do esporte, porque eu amo mesmo. Serve como um descarrego, como um escape da semana tumultuada de empresário. A gente faz amizades, se encontra, conhece pessoas, conhece regiões, tudo isso faz parte de uma coisa boa. Hoje, já tenho filhos que acompanham, a esposa acompanha, então isso tudo vai somando, une as pessoas".
O Jeep Gaiola Clube Cerro Largo tem na vice-presidência o piloto Fernando Antes, competindo desde 2000 na categoria Jeep 4x4 Aspirado. Entre as suas conquistas está a da final do Campeonato Brasileiro de Jeep e Gaiola Cross, sediado pelo Jeep Clube Forquetinha, em que obteve o 6º lugar, no ano de 2019. A cidade de Forquetinha (RS) tem uma pista permanente, de estrutura elogiada, e recebe participantes e público de vários estados brasileiros e da Argentina.