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Publicado em 16/11/2022 12:18:09 • Artigos

Sinceridade de criança

As crianças são o exemplo mais genuíno de sinceridade

Quando eu era criança, aos 7 anos de idade, passei por um episódio bastante vergonhoso. Havia uma palestra na escola sobre índios ou coisa assim e eu não aguentava mais o tédio na fala do palestrante, quando lá pela sessão de perguntas, levantei a mão e disse:

- Quando você vai parar de falar?

As pessoas me olharam torto, alguns colegas riram, certamente a professora deve ter dito algo como “que feio!”. E eu me lembro de até ter sofrido algum bullying de um menino mais velho que se aproveitou da sensação para tentar me punir pela minha indelicadeza. O detalhe mais curioso dessa história é que eu não sabia o que eu tinha feito de errado.
Quando a gente é criança não consegue interpretar direito o que são emoções, empatia, ética ou simplesmente por que as pessoas fingem não se incomodar com o comportamento de outras. O que eu havia dito para o palestrante era aquilo que no fundo todos desejavam fazer, mas que não podiam pela pressão exigida para se viver em sociedade.

As crianças são o exemplo mais genuíno de sinceridade. Elas às vezes até escondem suas emoções, mas com muito menos frequência e empenho do que os adultos, pois não tem muito a perder, afinal ainda não possuem uma autoimagem consolidada ou uma obsessão em torno daquilo que querem aparentar.

Diferentemente de nós, adultos, que não saímos de casa sem pensar qual será a opinião do vizinho sobre o nosso novo corte de cabelo ou se a atendente da farmácia gostará da última tatuagem que fizemos (ambos podem dizer que gostaram do cabelo ou da tatuagem, mesmo que não concordem com suas próprias palavras - coisa que crianças certamente não fariam).

Para viver em civilização a humanidade não pode viver sem uma dose de hipocrisia. Fico me perguntando como o palestrante reagiu ao meu comentário, se ele pensou no que eu disse quando chegou em casa. Espero que tenha levado a situação numa boa, como um aviso de que precisava evoluir ao falar com o público infantil. Pois caso tenha ficado magoado, o adulto que habita em mim sente algo que o Leonardo criança talvez ainda não conhecesse: remorso.

Fonte: Leonardo Stoffels / Psicólogo
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