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Publicado em 23/10/2020 11:46:40 • Salvador das Missões

Um trabalho voluntário que brota do coração

Liga de Combate ao Câncer desenvolve ações de prevenção e apoio social
Darlene, João, Olaide, Alberi e Dr. Fábio Franke (Fotos: Karin Schmidt)

Salvador das Missões está entre os municípios que desenvolvem ações de prevenção e apoio social, desde a criação da Liga em 2017

O despertar para o trabalho voluntário é um dom caritativo, especialmente quando envolve iniciativas direcionadas à saúde. Um desses valorosos exemplos está na atuação, ou melhor, na missão das Ligas de Combate ao Câncer. E nos pequenos municípios, como em Salvador das Missões, esse trabalho é ainda mais relevante. Coordenador médico e oncologista do Centro de Alta Complexidade em Oncologia (Cacon) em Ijuí, Fábio Franke ressalta que a principal recomendação é fazer os exames preventivos e também buscar informações.

"Neste sentido, validamos o trabalho excepcional e voluntário das ligas de combate ao câncer, que são nossos aliados e promovem eventos voltados à prevenção. Este trabalho focado na prevenção tem um papel fundamental que é alertar sobre a doença, ainda mais nas pequenas comunidades", avalia o médico. Franke, que é reconhecido mundialmente pela pesquisa clínica, vem realizando testes e estudos com medicamentos inovadores, oriundos de países como França, Estados Unidos, Japão e Alemanha, que são utilizados no combate aos tumores.

UTILIDADE PÚBLICA

Um tema sensível, porque trata da dor de muitas pessoas, que procuram enfrentar com fé e galhardia a busca pela cura. "Agora que estou sentindo na pele, percebo a importância da equipe da Liga em nosso município, que me ajuda não apenas financeiramente. Me sinto feliz quando vejo que outras pessoas, não só da minha família, se preocupam comigo. Me procuram pra saber como estou me sentindo e se preciso de algo. Vai muito além da ajuda financeira e isso se chama valor afetivo", destaca Darlene Mariza Hilbig, ao enfatizar: "todos os municípios deveriam criar a Liga de Combate ao Câncer, porque isso é mais que um apoio social e financeiro, é uma utilidade pública".

BALÕEZINHOS DE AMOR

Darlene expressou, com muito entusiasmo, que tão logo possa, vai integrar o grupo de voluntários da Liga em Salvador das Missões. Ela contou ainda, que tem feito amizades significativas, durante as sessões de quimioterapia realizadas no Cacon. "Formamos uma família muito linda e até criamos um grupo no whats pra trocarmos mensagens de fé, positividade e apoio mútuo. O nome do nosso grupo se chama Balõezinhos de Amor", diz com carinho.

UMA BENÇÃO

Alberi da Silva, o Tula, relata sobre a representatividade da Liga no apoio ao seu tratamento. Ele conta que, quando recebeu o diagnóstico precisou de remédios caros, buscou ajuda da Liga e foi rapidamente atendido. "É na hora da precisão que a gente vê o quanto é importante o apoio desse pessoal. Pensa bem, além de sofrer com a descoberta da doença, ainda ter que gastar o que a gente não tem. Esse trabalho da Liga foi e continua sendo muito importante. Uma coisa que veio do céu, um conforto, uma benção de Deus. Olha, todos os municípios deveriam ter e sabe por que? Porque ninguém espera um problema como esse, que de repente pode chegar pra qualquer um, sem avisar", alerta Tula.

Desde a criação da Liga em 2017, Olaide Hackennhar recebe constante apoio da equipe de voluntários. "Quando começou esse serviço em nosso município, eu logo fui buscar ajuda para o meu tratamento. Sempre fui muito bem atendida, participei das palestras de conscientização e dos eventos beneficentes. Esse trabalho não tinha em nosso município. Então, tomara que continue e nunca termine. A liga é uma benção a quem precisa e os voluntários estão sempre perto da gente. Recomendo que assistam as palestras que sempre tratam de assuntos de saúde, porque tudo isso ajuda a gente melhorar", diz com gratidão.

SÓ QUEM TEM SABE...

João Nestor Hatwig foi o primeiro a ser atendido pela Liga de Combate ao Câncer de Salvador das Missões. "Isso foi uma grande conquista para o nosso município. Me ajudaram e continuam me ajudando com remédios e em tudo o que preciso. Quando tem promoção beneficente participo sempre que posso, pra ajudar outras pessoas. Só quem tem essa doença, que chega sem a gente notar, sabe o quanto faz bem receber palavras de apoio, porque nos ajuda a ter mais força pra seguir em frente", salienta João Nestor.

GRANDES CHANCES DE CURA

Do interior do estado do Rio Grande do Sul, o Hospital de Caridade de Ijuí (HCI) tem o único Centro de Alta Complexidade em Oncologia (Cacon), que é referência para mais de 120 municípios. Conforme classificação do Ministério da Saúde, 90% dos atendimentos são pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Assim como em outras localidades, os pacientes de Salvador das Missões também são assistidos no Cacon. Segundo levantamento do HCI, os tipos de câncer com maior incidência, na área de abrangência do Cacon, são de mama e de próstata. "Nós temos uma medicina avançada e com grandes chances de cura. Para tanto, recomendamos sempre o diagnóstico precoce, que facilita a identificação da doença e o acesso aos tratamentos. Então, nunca desista, procure um profissional médico e confie", orienta Fábio Franke.

SOBRE A LIGA

A Liga de Combate ao Câncer é uma associação civil, sem fins lucrativos ou econômicos, apolítica, apartidária, de caráter beneficente, social e de promoção da saúde. Exatamente como destaca a logomarca da Liga de Salvador das Missões (cores rosa, cinza e azul), o atendimento é de forma igualitária para todos, independente de crença, cor, raça e identidade de gênero. E não está vinculada à prefeitura ou qualquer outro órgão público e nem privado. Sendo assim, qualquer pessoa, desde que seja sócio, pode atuar como voluntário e integrar a diretoria.

Em Salvador das Missões quem preside a entidade é Leiva Arlete Gorski, desde a fundação em julho de 2017 e até o final de 2021, conforme registrado no estatuto social de constituição da Liga. "Na época obtivemos o apoio da equipe da Liga de Cerro Largo, que nos auxiliaram muito. Na sequência, a nossa equipe de Salvador das Missões também contribuiu para a implantação das Ligas em Pirapó e Ubiretama", destaca Leiva.

PILARES DE TRABALHO

A Liga atua em várias frentes, entre as quais destacam-se: recursos para custear a compra de medicamentos, quando a saúde pública não alcança o valor; aquisição de fraldas; realização de exames de alto custo; suporte espiritual; acompanhamento psicológico, que não vem sendo realizado presencialmente em virtude da Pandemia. De acordo com a diretoria, a entidade, que iniciou com 24 sócias fundadoras e atualmente tem 120 associados, está sempre aberta a novos associados.

PARCERIA INCONDICIONAL

Em nome de todos os voluntários, a presidente da entidade faz questão de evidenciar, com reconhecimento e gratidão, que todo esse trabalho solidário de doação e amor ao próximo, se deve à parcerias imprescindíveis. "Nosso trabalho só vem dando certo porque temos a confiança e o envolvimento incondicional do comércio, das entidades representativas, do poder legislativo e executivo municipal, bem como de toda a comunidade salvadorense", salienta Leiva.

Ela contextualiza que desde a fundação, em todos as ações beneficentes já realizadas, como jantar, rifas, bazar solidário, bailes, bingos, palestras de conscientização, a Liga sempre contou com apoiadores locais. "Este ano tem sido atípico, mas aos poucos e com os devidos cuidados, vamos retomando as atividades, que no próximo ano terá novidades", anuncia.

CAMINHOS DA CURA

João Nestor Hatwig, 62 anos: "O doutor disse simplesmente assim: 80% da cura do teu câncer depende ti. Eu, como médico, posso curar 20%, mas a maior parte é contigo. E eu acredito nas recomendações dele. A gente nunca pode perder a fé e nem a confiança no médico. Tem dias que não é fácil, mas a gente tem que se cuidar e ir tocando a vida".

Olaide Hackennhar, 66 anos: "Sempre trabalhei na lavoura, direto no sol. Nem sei se naquela época tinha recomendação de filtro solar. Nunca ninguém me falou que era preciso se cuidar. Tive que parar com esse serviço da roça, mas faço outras coisas. Tem que enfrentar, levantar a cabeça e seguir em frente, senão tudo fica pior de novo".

Alberi da Silva (Tula), 59 anos: "Até aparecer essa doença eu nunca tinha consultado um médico. Eu sempre sentia uma dor, mas não dava bola. Infelizmente atrasei demais pra ver o que estava acontecendo comigo. Mesmo assim, procuro só pensar positivo porque quando o nosso emocional tá controlado, se consegue levar a vida com mais tranquilidade".

Darlene Mariza Hilbig, 53 anos: "Agora vejo tudo com outro olhar. Não guardo mais sentimentos ruins, rancor, mágoas. Essa doença veio pra me ensinar e agradeço a Deus por me mostrar esse novo caminho, ainda que seja pela dor. Cuide bem de sua parte emocional e espiritual. Siga isso, senão a moléstia vai embora e volta em outro lugar. Entre outras práticas espirituais, também comecei a ler a bíblia, que antes era apenas um enfeite na estante. Salmos curam!".

Depois de ouvir de pessoas tão especiais como o Alberi, a Olaide, o João Nestor e a Darlene, que me tocaram profundamente, meu sentimento é este: o caminho até a cura fica mais brando quando não estamos sozinhos. E não estamos, porque Deus é a luz que conduz o nosso caminhar nessa longa jornada chamada vida.

Fonte: Karin Schmidt, jornalista e documentarista
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