


Especialistas alertam que a prevenção e o diagnóstico precoce da fragilidade óssea são essenciais para evitar quedas e complicações na terceira idade
O Dia Mundial da Osteoporose, celebrado em 20 de outubro, é uma data que busca conscientizar sobre uma doença silenciosa e de grande impacto na saúde pública. A osteoporose se caracteriza pela perda gradual de massa óssea, que enfraquece os ossos e os torna mais suscetíveis a fraturas. Muitas vezes, o diagnóstico só acontece depois da primeira fratura, quando o dano já está instalado.
No Brasil, uma em cada três mulheres e um em cada cinco homens acima dos 50 anos terá algum episódio de fratura osteoporótica ao longo da vida, mostrando que o problema vai além de uma condição individual: trata-se de um desafio coletivo que envolve prevenção, informação e cuidado contínuo.
A fragilidade óssea é resultado de uma combinação de fatores genéticos, hormonais, ambientais e comportamentais. Mulheres no período pós-menopausa estão mais vulneráveis pela queda do estrogênio, mas homens idosos também correm risco. Felizmente, grande parte dos casos pode ser prevenida com medidas relativamente simples. A prática de exercícios físicos regulares — especialmente caminhadas, atividades de impacto moderado e fortalecimento muscular — ajuda a manter a densidade óssea.
A alimentação deve ser rica em cálcio e vitamina D, nutrientes fundamentais para a saúde dos ossos, enquanto a exposição ao sol auxilia na produção natural de vitamina D. Evitar o tabagismo e o consumo excessivo de álcool também é determinante. Além disso, exames como a densitometria óssea permitem identificar precocemente a perda de massa óssea, orientando o início de um tratamento antes que as fraturas aconteçam.
As fraturas causadas pela osteoporose não são eventos simples: podem comprometer severamente a mobilidade, gerar dor crônica, dependência de cuidadores e até aumentar a mortalidade em idosos, especialmente nos casos de fratura de quadril.
Estima-se que até 20% dos pacientes que sofrem esse tipo de fratura não recuperam totalmente sua autonomia. O tratamento, por isso, deve ser multidisciplinar e contínuo. Ele pode envolver mudanças no estilo de vida, suplementação de cálcio e vitamina D e medicamentos específicos que fortalecem a estrutura óssea e reduzem o risco de novas fraturas. Além disso, a adaptação do ambiente doméstico para reduzir quedas com medidas simples como retirar tapetes soltos, instalar barras de apoio em banheiros e garantir uma boa iluminação nos cômodos pode colaborar para redução do risco de fratura em pessoas com a doença instalada.
O impacto da osteoporose vai além da vida individual: representa também um peso significativo para o sistema de saúde. Estima-se que, no Brasil, ocorram mais de 200 mil fraturas por fragilidade óssea a cada ano, gerando altos custos hospitalares, longos períodos de reabilitação e perda de produtividade. Globalmente, os gastos com internações e tratamentos relacionados à osteoporose já superam bilhões de dólares anualmente. Esses números reforçam a urgência de investir em prevenção e diagnóstico precoce, evitando que a doença continue avançando de forma silenciosa.
O Dia Mundial da Osteoporose é um lembrete poderoso de que os ossos também envelhecem e merecem atenção especial. Com prevenção, diagnóstico precoce e tratamento adequado, é possível evitar complicações e garantir uma vida mais saudável e ativa em todas as fases da vida.
(*) Texto escrito pelo ortopedista Pedro Debieux Vargas Silva (CRM/SP 121.778 | RQE 73.908)