


Há anos ouvimos que a pressão "12 por 8" é normal e não é motivo de preocupação. Mas isso mudou. Uma nova diretriz brasileira sobre hipertensão classifica a famosa 12 por 8 como "pré-hipertensão". Na prática, o que isso significa?
O novo patamar deve ajudar na identificação precoce de risco para hipertensão. A ideia é que o médico possa indicar mudanças no estilo de vida. "Essa mudança visa a identificar precocemente os indivíduos em risco e incentivar intervenções mais proativas e não medicamentosas para prevenir a progressão para a hipertensão arterial", diz a diretriz, apresentada na quinta-feira no 80º Congresso Brasileiro de Cardiologia.
Quem tem pressão 12 por 8 não deverá tomar remédios. A indicação de medicamentos é válida apenas para pessoas com pressão de 13 por 8 se, após três meses de mudança no estilo de vida, não for observada uma queda nesses números. Já se o paciente tiver pressão a partir de 14 por 9, o medicamento é sempre indicado. A pressão igual ou maior do que 14 por 9 é considerada hipertensão arterial.
Todos com pressão maior ou igual a 12 por 8 precisam adotar medidas de mudança no estilo de vida. Entre elas estão: perda de peso, dieta com menos sal e aumento de potássio (frutas, verduras, hortaliças, oleaginosas, leguminosas e laticínios pobres em gordura), controle do consumo de bebidas alcoólicas, prática de atividades físicas, não fumar e dormir bem.
A nova diretriz destaca a importância de um tratamento multiprofissional para o controle da pressão arterial. Nesse grupo de profissionais estão incluídos médicos, enfermeiros, nutricionistas e educadores físicos, que juntos podem combinar tratamentos para controlar a pressão.
Não é preciso realizar consultas de urgência neste momento, mas é fundamental manter as análises de rotina. A diretriz indica que, antes de qualquer atendimento, a pressão seja aferida. "É fundamental procurar o médico para ter a pressão aferida corretamente —em todas as consultas e, idealmente, anualmente, para confirmar o diagnóstico e monitorar o tratamento", diz a diretriz.
A nova diretriz classificou a pressão 12 por 8 como "pré-hipertensão". Segundo a diretriz, valores de pressão entre 120-139 mmHg (sistólica) e/ou 80-89 mmHg (diastólica) estão nessa categoria de pré-hipertensão.
A nova diretriz também define uma nova meta para hipertensos em tratamento. O objetivo será alcançar pressão menor do que 130/80 mmHg (13 por 8). A diretriz orienta, principalmente, a conduta de médicos em relação aos pacientes. O documento foi feito de forma conjunta pela Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), a Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN) e a Sociedade Brasileira de Hipertensão.
A mudança no Brasil segue uma tendência já apresentada pela Sociedade Europeia de Cardiologia (ESC), durante congresso em 2024. Na Europa, a classificação ficou assim:
Pressão não elevada: abaixo de 120 por 70 mmHg (12 por 7);
Pressão elevada: entre 120/70 e 139/89 mmHg;
Hipertensão: 140/90 mmHg ou mais. Na prática, quem apresenta pressão de 12 por 8 não é hipertenso, mas está em uma zona de risco.
Embora o diagnóstico de hipertensão continue o mesmo (a partir de 14 por 9), o jeito de lidar com pacientes intermediários mudou. Pessoas com pressão entre 12 por 8 e 13 por 8,5, que antes saíam do consultório tranquilas, agora recebem recomendações específicas para evitar complicações.
Segundo a SBC, até 80% dos casos de AVC, infarto e insuficiência renal podem ser prevenidos com medidas simples. Entre elas, reduzir o consumo de sal, praticar exercícios, controlar o peso, usar corretamente os medicamentos (quando indicados) e medir a pressão com frequência.