


Ruínas localizadas no interior de Alegrete, na Fronteira Oeste do Rio Grande do Sul, foram confirmadas como parte das antigas reduções jesuíticas. A descoberta foi anunciada durante um seminário sobre estâncias missioneiras, que reuniu especialistas e historiadores.
A pesquisa foi coordenada pelo especialista em vestígios missioneiros da Pontifícia Universidade Católica (PUC), Edison Hüttner, com apoio do padre jesuíta Felipe Soriano. Eles realizaram análises e medições detalhadas da construção, comparando com outras obras históricas da época. De acordo com o pesquisador, as ruínas datam do final do século 17 ou início do século 18.
Segundo Hüttner, a forma como as pedras foram assentadas deu pistas sobre a origem. "O tipo de arenito cortado, isso foi algo assim que nos chamou a atenção, não é um tijolo comum, não é um corte de pedra talhado com serra, é um corte missioneiro", afirmou.
Felipe Soriano explicou que foi possível identificar portas e janelas pelo corte octogonal das pedras. Uma das paredes passou por intervenções em três períodos diferentes, o que também ajudou a confirmar a origem missioneira.
Os pesquisadores concluíram que a estrutura era um dos postos da estância de Yapeyú. No local funcionava a sede administrativa, onde jesuítas e indígenas cuidavam do gado usado para alimentação nas reduções.
O Conselho Municipal de Patrimônio de Alegrete vai abrir um processo de tombamento das ruínas. "O que a gente precisava era dessa especialidade de alguém que entendesse profundamente pra nos dizer exatamente se era da época missioneira ou não era, então agora ficou comprovado", afirmou Homero Dornelles, presidente do conselho.
O objetivo agora é preservar o local e valorizar o turismo cultural, que se soma a outras relíquias históricas do período jesuítico, como o sítio arqueológico São Miguel Arcanjo.