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Publicado em 06/06/2022 08:59:41 • Artigos

O dilema da vingança

A vingança nunca é plena, mata a alma e a envenena

Por Leonardo Stoffels

Das histórias de vingança, uma de minhas favoritas data da Segunda Guerra Mundial. O ano foi 1943 e o piloto italiano Guido Rossi descobriu um avião inimigo abandonado pelos soldados Aliados por falta de combustível. Tratava-se do Lockheed P-38 Lighting, um avião rápido, fácil de manobrar e, acima de tudo, inconfundível. Rossi, com autorização de Mussolini, pôs em prática o plano maquiavélico de usar o caça americano para se infiltrar entre seus inimigos e abatê-los quando eles menos esperassem. Deu certo, vários pilotos norte-americanos foram enganados, mas, pelo menos um deles sobreviveu para se vingar.

O nome do vingador era Harold Fisher, o qual conseguiu escapar com vida da queda do bombardeiro B-17, que então realizava uma missão perto da Sicília antes de ser abatido por Rossi. Interrogando alguns pilotos italianos capturados, Fisher descobriu a identidade do seu novo inimigo e para recuperar a sua honra pôs em prática algo absurdo: descobriu que Rossi era casado com uma mulher chamada Gina, conseguiu uma foto da moça e mandou pintar o rosto e nome dessa mulher na fuselagem de um B-17.

Após alguns dias de busca, Fisher encontrou o P-38 de Rossi ainda no ar. O americano aproximou o seu avião do inimigo o suficiente para que este reconhecesse o rosto e nome da esposa no B-17 pilotado por aquele, e assim ambos tiraram satisfação pelo rádio. O que começou como uma troca de insultos terminaria em uma troca de ataques, e Fisher levaria a melhor. Forçado a fazer um pouso de emergência, Rossi foi capturado pelos Aliados e Fisher recebeu uma condecoração.

“A vingança nunca é plena, mata a alma e a envenena” já dizia o Seu Madruga. Bem…nem sempre! De fato, o desejo de se vingar é um dos mais traiçoeiros que existem, pois enquanto a vingança não for executada ela fica tentando o vingador e até mesmo o torturando. Sim, resistir a uma tentação é também uma forma de tortura, porém, com a realização do ato de vingar, a satisfação imediata facilmante é substituída por um sentimento de culpa,

Seria então o perdão uma alternativa para evitar as terríveis consequências da vingança?

É preciso averiguar cada caso antes de responder com um sonoro “sim” ou “não”. O perdão é algo nobre e belo quando visto de longe, porém também pode ser tóxico quando não for genuíno. É também do Seu Madruga a frase “as pessoas boas devem amar os seus inimigos”. Não concordo, isso é masoquismo! Ter inimigos não é algo tão ruim quanto alguns moralistas pensam, acho que é até saudável, se considerarmos que vivemos em um mundo repleto de injustiças. Em suma, ao passo que não é necessário se vingar de quem nos feriu, tampouco é obrigatório conceder perdão a quem não o merece.

Friedrich Rückert disse que “a vingança é um prazer que dura apenas um dia; a generosidade, um sentimento que pode trazer felicidade para sempre.”

Tenho o palpite de que Harold Fisher discordaria…

Fonte: Leonardo Stoffels / Psicólogo
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