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Publicado em 13/03/2023 17:11:54 • Opinião

Pior do que Hitler

O Rei Leopoldo é amplamente conhecido por ter cometido atrocidades brutais
Estátuas do Rei Leopoldo II vandalizadas, em Bruxelas, em 2020 (Foto: Reprodução)

Hitler é a maior referência mundial quando o assunto é crueldade, mas eu consigo pensar numa pessoa talvez tenha sido ainda pior: Leopoldo II, da Bélgica.

O Rei Leopoldo é amplamente conhecido por ter cometido atrocidades brutais durante o período em que governou o Congo, que era sua propriedade pessoal na África Central, de 1885 a 1908. Essa região era rica em recursos naturais, como borracha e o marfim. A exploração da borracha pelo regime de Leopoldo foi bárbara, os trabalhadores eram obrigados a coletar grandes quantidades de látex, muitas vezes em condições extremamente difíceis e perigosas. Quando não atingiam as cotas de produção impostas, esse povo sofrido era punido com tortura e amputação de membros, ou pior: os filhos deles é que pagavam esse preço, sendo às vezes crianças. Isso mesmo, crianças indefesas tinham suas mãos e pés decepados quando os pais não davam conta do serviço. O que pode ser mais cruel do que isso?

Além da tortura, o reinado de Leopoldo trouxe escravidão, estupros em massa, assassinatos e outras formas de violência contra os nativos. Estima-se que cerca de 10 milhões de congoleses foram mortos nesse período, um número que representa cerca de metade da população da região. Um holocausto esquecido. Apesar da gravidade dos crimes cometidos pelo genocida em questão, ele nunca foi responsabilizado por suas ações e permaneceu impune até sua morte em 1909.

Como pode uma pessoa agir assim, como Leopoldo? São perguntas que não têm uma resposta simples. Talvez seja doença - o que a gente chama de psicopatia - mas o mal não é uma coisa difícil de ser feita e é facilmente banalizada. Quem melhor estudou isso foi uma mulher chamada Hannah Arendt. A ideia central da “banalidade do mal” de Arendt é que o mal pode ser cometido por pessoas comuns em circunstâncias comuns, sem necessariamente possuir uma intenção maliciosa. Isso foi observado por Arendt durante o julgamento do criminoso de guerra nazista Adolf Eichmann, quando ela percebeu que ele não era um monstro malvado, mas sim um indivíduo comum que simplesmente seguiu ordens.

Assim, rapidamente fechamos nossos olhos para as injustiças sociais e fingimos que elas não existem, como os funcionários e patrões de certas vinícolas gaúchas que até recentemente fingiam não existir escravidão onde trabalhavam.

Por quanto tempo manteremos nossos olhos fechados?

 

(*) Leonardo é psicólogo e atende em Cerro Largo

Fonte: Leonardo Stoffels / Psicólogo
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