A comediante pernambucana Ademara Barros ficou famosa quando começou a postar vídeos de humor nas suas redes sociais, entre eles o da repórter sudestina, Laura Tampurini, que vai à Recife. Agora, a atriz se lança em um novo desafio: protagonizar a série de comédia da Netflix Sem Filtro. E, parece que o resultado foi satisfatório, ainda que peque no exagero.
Antes de mais nada é preciso alinhar as expectativas da série com as do público. Sem Filtro é uma comédia em dez episódios que não tem nenhum compromisso com a realidade ou com quaisquer questões mais profundas que levem o espectador a refletir. Ao contrário, a série é o verdadeiro besteirol, ideal para esvaziar a mente depois de um dia cansativo de trabalho e esquecer um pouco os problemas.
Dirigida por Cris D'amato, a produção acompanha a vida de Marcely (Ademara), uma jovem estudante de economia que decide largar a faculdade para virar influencer. Para isso, ela conta com a ajuda de Sandrinha (Lu Périssé) e de Gustavo (Pedro Ottoni), seus melhores amigos.
Acontece que seu jeito muito sincero e sem filtro (daí o nome da série) acaba incomodando alguns moradores da pequena cidade de Ararinhas e fazendo com que fique ainda mais difícil vender seus publis (publicidades on-line). É a partir desse ponto que a trama tece um retrato um tanto quanto caricato de uma jovem que faz de tudo para realizar seu sonho: viver da internet.
Abusando de alguns memes já antigos e tropeçando em alguns exageros, o texto da série é até divertido, e por vezes fica fácil se solidarizar com o esforço de Marcely para conseguir o que quer. Ademara não desagrada, mas parece estar interpretando ela mesma sob a pele da personagem. Alguns dos seus trejeitos são incorporados em Marcely, então quem já gostava do seu trabalho nas redes sociais não deve se decepcionar na série.
Outro destaque é Lu Périssé, a filha de Heloísa Périssé — também famosa pelas comédias que protagonizou. A jovem atriz constrói uma personagem um tanto quanto exagerada, o que também pode ser culpa do texto, mas acerta em dar seu toque pessoal à comédia e se distanciar dos papéis protagonizados pela mãe.
Personagens secundários contribuem para o humor da trama
Já que estamos falando em personagens, vale destacar que alguns coadjuvantes foram fundamentais para manter o humor de Sem Filtro. Um deles é o próprio Gustavo, vivido pelo humorista Pedro Ottoni. Ele é o maior acerto da produção e tem um tipo de humor que faz com que o personagem fique simpático e conquiste o público.
Motorista de uma Kombi, ele roda a cidade inteira e tem sempre as ideias mais mirabolantes para ajudar Marcely. Sua relação com dona Vera (a idosa que sempre o acompanha) também é interessante.
E já que falamos na personagem vivida por Sandra de Sá, vale comentar que ela tinha tudo para ser outro destaque da trama, mas foi totalmente mal trabalhada. A ideia de uma idosa fofoqueira que quase não tem fala em cena é interessante, mas soou banal. Sandra é uma mulher extremamente talentosa e poderia ter acrescentado muito à produção.
O mesmo acontece com os veteranos Flávia Reis, que vive Val, a mãe de Marcely; e Orã Figueiredo, que dá vida ao pai da protagonista. Ambos são bons, mas não ganham tanto destaque.
Completam o elenco a humorista Maíra Azevedo, Mel Maia, Thamirys Borsan, Leandro Santanna e Maicon Rodrigues, que vive Max, o crush da influencer.
