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Publicado em 09/08/2022 13:35:45 • Artigos

Celebrando datas

As datas existem para que criemos uma conexão com outras pessoas

Por Leonardo Stoffels

No dia em que escrevo este texto (25 de Julho) é comemorado o Dia do Escritor. A data teve origem em 1960 com a realização do Primeiro Festival do Escritor Brasileiro, organizado pela União Brasileira dos Escritores sob a presidência de João Peregrino Júnior e Jorge Amado, sendo o último um dos grandes nomes da literatura no Brasil e um de meus escritores favoritos.

Lembro de um amigo comentando há alguns anos que odiava todas as datas comemorativas. Ele achava Dia do Escritor, Dia do Psicólogo, Dia do Café, Dia do Esparadrapo, o que quer fosse, tudo uma idiotice. "Pra que esperar o Dia do Rock para ouvir rock", dizia ele? Realmente, não é preciso esperar o dia do rock para se ouvir o gênero, ou para qualquer outro tipo de música. Mas as datas são interessantes porque reforçam o poder que o coletivo tem em nossas vidas.

É muito mais excitante estar no Beira Rio ou na Arena vendo um Gre-Nal (se o Inter vencer) do que ficar sozinho em casa ouvindo a voz do Pedro Ernesto Denardin narrando o jogo pelo rádio da cozinha, ou mesmo de assistir o jogo (sozinho) na RBS, com a voz Luciano Périco de fundo - por outro lado, se a família ou amigos estiverem no mesmo espaço, junto ao rádio ou a TV, o prazer ganha força. Do mesmo modo, estar numa sala de cinema com outras pessoas assistindo um filme pode reforçar a tensão ou o riso. Por falar em riso, é justamente essa sensação de coletividade que sustentou por muitos anos o formato das séries de comédia (conhecidas pelo termo em inglês como sitcoms), gravadas com um som de risadas no fundo. Às vezes o programa era realmente gravado com uma plateia real, como a série Friends, nos EUA, e o programa Sai de Baixo, no Brasil. Ouvir aquela clássica risada de fundo tornava a cena cômica ainda mais engraçada, mesmo quando a risada era falsa, como é o caso do Chaves. Era, no verbo passado, pois hoje o humor se faz de forma diferente no Brasil e no mundo, mas isso não anula o poder do coletivo.

O ser humano é um animal social, é o outro que nos define mais do que nós mesmos em nossa vida privada. O que somos nós (nossa ideia de "eu") se não um conceito transitório que está mudando de segundo a segundo, enquanto interagimos com outras pessoas? Mesmo quando decidimos nos isolar, não querendo compartilhar nossas vidas com os outros, ainda assim somos diretamente influenciados por eles. Aliás, a pandemia do coronavírus nos ensinou que mesmo quando nos comprometemos a ficar em casa, jamais ficamos completamente distantes de outras pessoas e da realidade que estamos inseridos junto a elas.

As datas existem para que criemos uma conexão com outras pessoas, é o que nos lembra que não estamos sozinhos. Um nerd no Dia do Orgulho Nerd pode celebrar o fato de que nerds existem. O Dia da Mulher reforça a lembrança das lutas que elas atravessam todos os dias. O Setembro Amarelo reforça os cuidados que precisamos tomar com a saúde mental.

Meu amigo certamente não gostava muito de coletivos. Quem sabe se ele fosse para uma ilha deserta pararia de se incomodar com datas, e também com pessoas. Quem sabe lá ele poderia comemorar o Dia da Solitude!

Fonte: Leonardo Stoffels / Psicólogo
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