


Estudo inédito da USP mostrou que nos maiores consumidores, o declínio chegou ao equivalente a 1,6 anos de envelhecimento
Os adoçantes artificiais são frequentemente comercializados como opções mais saudáveis ao açúcar. No entanto, um crescente número de evidências científica aponta para riscos associado ao consumo destes compostos. O estudo mais recente, publicado na quarta-feira (3/9) na revista científica Neurology, indica que alguns adoçantes estão associados a um declínio cognitivo mais rápido.
"Adoçantes de baixa ou nenhuma caloria são frequentemente vistos como uma alternativa saudável ao açúcar, no entanto, nossas descobertas sugerem que quem consome muito adoçante pode estar piorando sua cognição", diz a autora sênior do estudo, a médica Claudia Kimie Suemoto, professora de geriatria da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP).
Essa é a primeira vez que um estudo tão abrangente analisa o impacto do consumo de substitutos do açúcar na saúde cerebral. O mesmo grupo já havia publicado a primeira evidência que associava o consumo de ultraprocessados ao declínio cognitivo.
Uma sequência natural, segundo Suemoto, é tentar isolar os elementos que estão presentes na alimentação ultraprocessada e que tenha, talvez, associação com declínio cognitivo, como os adoçantes. Outra motivação para a pesquisa foi a experiência pessoal da médica, que costumava usar muito adoçante. E por fim, havia evidências recentes associando o uso de adoçante com maior risco de câncer e talvez de doença cardiovascular.
No trabalho, pesquisadores da USP analisaram dados de 12.772 adultos de todo o Brasil, participantes do estudo Elsa Brasil (Estudo Longitudinal de Saúde do Adulto), que acompanha os mesmos indivíduos ao longo do tempo, avaliando-os periodicamente, para verificar mudanças em variáveis específicas. A idade média foi de 52 anos e os participantes foram acompanhados por uma média de oito anos.
Após o ajuste para fatores como idade, sexo, pressão alta e doenças cardiovasculares, os resultados mostraram que pessoas que consumiram as maiores quantidades diárias de adoçante apresentaram declínios um declínio 62% mais rápido, em comparação com aquelas que consumiram as menores quantidades. Isso equivale a cerca de 1,6 ano de envelhecimento.