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Publicado em 14/07/2023 07:32:08 • Opinião

O poder da vulnerabilidade

O medo de sermos julgados nos impede de sermos espontâneos
Crédito: Reprodução

Uma paciente me disse uma vez que prefere os animais do que os humanos, porque eles não disfarçam na hora de atacar a gente, situação diferente de quando somos atacados por pessoas. Faz sentido. No reino animal o olhar do predador quando vai eliminar a presa entrega as suas intenções, todos nós conseguimos pensar na expressão que um leão faz quando vai atacar uma zebra. Já no mundo civilizado, a gente até desconfia de quem olha torto para a gente, mas podemos facilmente sermos enganados e as pessoas que se aproveitam de nós nem sempre deixam pistas de suas segundas intenções.

Eu já disse em outro texto publicado nesse mesmo espaço que os animais não tem ego. Eles não ficam se admirando no espelho, não se importam com a própria imagem e portanto não tem nada a esconder. Mas a gente sim. A vida em sociedade traz um jogo neurótico em que estamos sempre avaliando quais aspectos de nós podem ser revelados e o quais devemos deixar para nosso terapeuta. O medo de sermos julgados nos impede de sermos espontâneos e por isso vivemos com essa angústia de sentirmos que não somos verdadeiros.

É que quando se tem algo a esconder há sempre uma pressão psicológica, mesmo que sutil, já que ocultar e mentir são operações neurológicas mais complexas do que simplesmente falar a verdade. Fugimos de nossas falhas como a zebra foge do leão, mas aquele que parece um leão aos nossos olhos muitas vezes também se sente como uma zebra. Engraçado isso, não?

Qual a solução para isso? Abraçar a vulnerabilidade! Sim, é mais fácil falar do que fazer. Associamos vulnerabilidade com fraqueza e não queremos sermos vistos como fracos. Por outro lado, quem não tem medo de ser visto como fraco transparece coragem e paradoxalmente é visto como forte. Existe algo magnético em pessoas que expõem seu fracasso e não se deixam definir por isso, pessoas que não tem medo de serem diminuídas se conectam muito fácil com a gente, afinal o que pode ser mais inspirador do que alguém que não tem nada a temer?

Mas calma lá, não vamos exagerar na romantização da pergunta que encerra o parágrafo acima. Sempre teremos algo a temer. Inclusive ser vulnerável não significa revelar tudo ou a todos, isso aí se chama ingenuidade. Seja como for, existe um ponto de equilíbrio que precisamos encontrar dentro de nós, fazer as pazes com aquilo que mais rejeitamos dentro da gente e mais tarde, somente tarde, expormos essa sombra que reinava sobre nossa consciência. Aí quem sabe os outros não tenham coragem de agir como leões!

 

(*) Leonardo Stoffels é Psicólogo e atende em Cerro Largo 

Fonte: Leonardo Stoffels / Psicólogo
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