


O predomínio de dias ensolarados e tempo mais seco proporcionou a retomada do crescimento das forrageiras anuais de inverno e a realização das adubações nitrogenadas de cobertura, beneficiando a pecuária no Rio Grande do Sul
De acordo com o Informativo Conjuntural divulgado pela Emater/RS-Ascar na quinta-feira (10/07), mesmo com o pastejo liberado em parte das áreas cultivadas, pois ainda há umidade remanescente do solo, foi necessária a suplementação alimentar dos rebanhos. Houve redução da produção e qualidade nos campos nativos, em quase todas as regiões do Estado.
Na região administrativa da Emater de Bagé, a qualidade das pastagens está satisfatória, mas o excesso de umidade e as geadas comprometeram o crescimento das forrageiras, especialmente de aveia e azevém. O campo nativo também foi afetado, e houve redução significativa na oferta e na qualidade do alimento disponível aos rebanhos. Na região de Erechim, as áreas com forragens nativas e de verão cultivadas que ainda permaneciam verdes foram afetadas pela chegada da massa de ar frio e pelas geadas, que reduziram a oferta de massa verde para pastoreios. Nos pastos sobressemeados, a condição de pastejo está adequada.
Na região de Passo Fundo, em função da redução da umidade do solo, os pastoreios foram retomados nas áreas com maior oferta de forragem. As áreas de trigo de duplo propósito, cevada e triticale destinados à alimentação animal se encontram em fase de germinação e crescimento inicial. No campo nativo, a queda das temperaturas e as geadas comprometeram a qualidade e a oferta de forragem. Já na região de Santa Rosa, em razão do tempo mais seco, as pastagens se recuperaram e estão em condições de pastejo. Contudo, o atraso no plantio e na germinação em diversas localidades tem reduzido a disponibilidade de forragem.
BOVINOCULTURA DE CORTE - Mesmo com o pastejo liberado, as forragens ainda não atingiram seu potencial produtivo, e a suplementação se manteve necessária para minimizar perdas de escore corporal. O tempo seco permitiu a realização de cuidados essenciais e ações sanitárias, como desvermifugação e vacinação contra clostridioses. As geadas contribuíram para a redução das populações de parasitas no campo. O mercado pecuário segue aquecido em determinadas regiões, e foram efetuados remates, feiras presenciais e exportações de terneiros.
Na região administrativa da Emater de Santa Maria, estão sendo realizados diagnósticos de gestação nos rebanhos, e desmame e comercialização de terneiros. Os animais tiveram menor ganho de peso em razão das fortes geadas, que prejudicaram o pastejo. Na região de Santa Rosa, os rebanhos estão em adequadas condições sanitárias e de escore corporal. A ampliação de oferta de forrageiras cultivadas contribuiu com o ganho de peso dos animais. Os produtores ainda enfrentam dificuldades de repor os lotes para terminação, devido ao elevado peso de terneiros e novilhos. Na de Soledade, o período de parição iniciou, e os terneiros apresentam ótima condição corporal. O rebanho ganhou peso nos últimos dias.
BOVINOCULTURA DE LEITE - O clima mais seco favoreceu o conforto animal, o manejo nas áreas de alimentação e de ordenha e a melhoria das condições de piso em diversas regiões. No entanto, a escassez de forragem ainda compromete o desempenho dos rebanhos em sistemas mais extensivos. Em relação ao manejo sanitário, os produtores seguiram com a realização de vacinações contra clostridioses e brucelose, mas ainda foram registrados casos pontuais de mastite, favorecidos por umidade remanescente, barro e queda de imunidade.
Na região administrativa da Emater de Erechim, os rebanhos apresentam adequado estado nutricional. Continua sendo fornecida alimentação suplementar com concentrados. As precipitações do período dificultaram o manejo dos animais e favoreceram a ocorrência de mastites, mas sem impactar de forma severa a condição sanitária. Na região de Santa Maria, o frio rigoroso trouxe desafios para a manutenção do bem-estar dos animais. As temperaturas registradas ficaram abaixo da zona de conforto térmico dos bovinos taurinos (raças europeias), e o vento forte e gelado agravou, ainda mais, a situação. Os rebanhos zebuínos, embora pouco representativos nos rebanhos leiteiros da região, sofreram de forma mais intensa. A suplementação volumosa com silagem e feno tem sido essencial para manter a produção e a condição corporal das vacas. O solo permanece bastante encharcado em muitas propriedades, o que afeta o manejo e a manutenção da higiene das instalações, podendo comprometer a qualidade do leite.
SAFRA DE GRÃOS
Trigo - O predomínio de tempo seco e a melhoria das condições de solo possibilitaram grande avanço no plantio do trigo, que chegou a 82% da área prevista para esta safra. Dessa forma, foi possível recuperar de forma parcial o atraso no cronograma de implantação das lavouras, ocasionado pela recorrência e elevada precipitação pluviométrica registrada durante o mês de junho.
As lavouras de trigo no RS estão em desenvolvimento vegetativo. As áreas afetadas por estresse hídrico, decorrente do excesso de umidade, apresentam sinais de recuperação. As temperaturas negativas e as geadas impactaram as lavouras localizadas em partes mais baixas do terreno, onde havia maior teor de umidade, mas de modo geral, no Estado, não deverão causar danos significativos. Em razão do tempo mais seco, há probabilidade de a finalização da semeadura ocorrer dentro do período estabelecido pelo Zoneamento Agrícola de Risco Climático (Zarc). A previsão de área cultivada no Estado, conforme a Emater, é de 1.198.276 hectares. A estimativa inicial de produtividade é de 2.997 kg/ha.
Aveia-Branca - A semeadura avançou após a sequência de dias ensolarados e a gradual redução do excesso de umidade no solo. Estima-se que 92% da área prevista tenha sido implantada. As lavouras encontram-se em fase vegetativa (88%), seguidas por floração (9%) e em enchimento de grãos (3%), estas últimas concentradas na Região Noroeste do Estado. As geadas intensas provocaram danos foliares pontuais, bem como lesões mais severas em estruturas reprodutivas, o que deve impactar de forma negativa o potencial produtivo das áreas mais adiantadas. Até o momento, o estado fitossanitário das lavouras de aveia branca é considerado satisfatório. A Emater projeta o plantio de 401.273 hectares. A estimativa de produtividade está em 2.254 kg/ha.
Canola - Estima-se que 98% da área prevista para o cultivo de canola tenha sido semeada. Porém, o encerramento da operação depende da decisão de cada produtor, uma vez que a janela recomendada pelo Zarc já foi ultrapassada, o que eleva o risco de perdas produtivas e compromete o cronograma de implantação das culturas de verão subsequentes. As condições climáticas foram favoráveis ao desenvolvimento da cultura. No entanto, cerca de 15% das lavouras encontram-se em fase de floração e podem ter sido impactadas pelas geadas recentes. Os danos ainda não foram plenamente quantificados, sendo necessário o monitoramento contínuo para a avaliação da extensão das perdas. A Emater projeta o cultivo de 203.206 hectares, e produtividade de 1.737 kg/ha.
Cevada - A semeadura está em finalização. O período de estabilidade climática permitiu a operação em regiões em atraso. No Extremo Norte do Estado, os trabalhos foram finalizados. As lavouras apresentam estande e desenvolvimento adequados, mantendo o potencial produtivo inicial. Na região administrativa da Emater de Ijuí, as lavouras de cevada apresentam emergência, vigor e estabelecimento inicial adequados e estande uniforme. O estado fitossanitário é considerado excelente, e não há registro de ocorrências significativas de pragas ou doenças. Para a Safra 2025, a Emater projeta 27.337 hectares cultivados e produtividade de 3.198 kg/ha.