


Principal cultura de inverno do Rio Grande do Sul, o trigo entra em mais uma safra sob o olhar atento dos produtores. Depois de anos marcados por frustrações e margens apertadas, a tendência para 2025 é de que haja uma retração na área cultivada. Projeções da Emater/RS-Ascar indicam redução próxima a 10%, passando de 1,33 milhão de hectares no ciclo anterior para 1,19 milhão. Apesar disso, a produtividade esperada é maior: a estimativa é de 2,99 toneladas por hectare, superando em 7,7% o rendimento da última colheita.
Esse contraste entre área reduzida e expectativa de maior produtividade aponta para uma realidade que não pode ser ignorada: mesmo em um ano de investimentos mais contidos, os agricultores precisam aplicar recursos de forma estratégica para garantir rendimento. O clima se mostra favorável, mas confiar apenas nesse fator não é suficiente. O manejo correto continua sendo o principal aliado para transformar potencial em resultado.
De acordo com Márcia Stracke, coordenadora do Departamento Técnico da Cooperoque, a cautela não pode significar descuido. "Sabemos que os produtores estão mais conservadores nos gastos, mas cada real investido deve ser bem direcionado. O que vai determinar o sucesso do trigo não é somente o clima, e sim o uso das tecnologias certas no momento certo: tratamento de sementes, nutrição equilibrada e fungicidas aplicados de forma preventiva. É esse investimento, mesmo que pontual e controlado, que vai garantir produtividade e qualidade de grãos", afirma.
A safra atual deve ser encarada como uma oportunidade de recuperação. O trigo é estratégico não apenas na rotação de culturas, mas também como fonte de renda no inverno. Por isso, a decisão de investir em insumos e práticas adequadas não pode ser vista como gasto, mas como condição para viabilizar a rentabilidade da lavoura.
Em um ano em que os produtores estão mais cautelosos, a recomendação técnica é clara: quem escolher manejar corretamente e investir de forma consciente terá maiores chances de colher uma safra positiva. O clima pode favorecer, mas é o investimento que transformará essa perspectiva em realidade no campo.