


O propósito da luta feminina, na década de 30, ficou fortalecida com o reconhecimento do direito da MULHER ao voto, na Constituição Brasileira. A partir daí, as discussões sobre igualdade entre os gêneros, sexualidade e saúde da mulher passaram a compreender em pauta, nos diferentes contextos de diálogo. Em 1975, comemorou-se, oficialmente, o Ano Internacional da Mulher. E em 1977, as Nações Unidas reconheceram o dia 8 de março como o Dia da Mulher.
Avançou-se bem. Mas, ainda, tem muito a se fazer para que se desassociem universos culturalmente atribuídos ao gênero. Nesta busca, a mulher, cada vez mais, vem se mostrando preparada para assumir funções nos mais diferentes campos de atividade. Procura, na verdade, deixar de ser coadjuvante e assumir lugar diferente na sociedade. Não quer mais ficar apenas restrita ao lar, ainda que o administre com significativa inteligência. Quer assumir comando, liderança, gerência, com teor profissional. E o faz dando voz ativa ao seu senso crítico, às suas responsabilidades, às suas possibilidades, às suas liberdades, enfim.
E este dia 8 de março - que sugere uma ciranda às conquistas sociais, políticas e econômicas da mulher ao longo dos anos -, deve servir de ânimo à compreensão, para que se evitem desigualdades, em todas as sociedades. E servir, igualmente, de comemoração àquela MULHER que se torna sujeito de sua história, nas diferentes esferas da sua vida.
RECICLAGEM
Tatiane dos Santos Ribeiro (35) é uma destas mulheres. Ela trabalha na diretoria da Coopercaun - Cooperativa de Trabalho de Catadores Unidos Pela Natureza, com a organização financeira da mesma, dentro da realidade do negócio; achando formas para melhor aproveitar os recursos de acordo com os interesses dos cooperados e cooperadas. Perguntada sobre as mulheres trabalhadoras, conta: "São nove mulheres que trabalham nas diferentes áreas da cooperativa, desde a gestão do empreendimento, até a atividade fim, que diz respeito ao processamento dos resíduos sólidos".
E diz, ainda, que "a importância da reciclagem para a manutenção das famílias das associadas está, principalmente, na renda obtida para o sustento dos familiares, e na contribuição com a reciclagem e o meio ambiente".
Tatiane opera com reciclagem desde a fundação da cooperativa, no ano de 2016.
POLÍTICA
Também, Cristiane Aparecida Ribeiro (40), no seu segundo mandato de vereadora pelo Progressistas, assumiu a Presidência do Legislativo para o ano de 2021, e encara este desafio como um aprendizado, uma nova fase, uma oportunidade de mostrar a capacidade da mulher, igualmente na política. Ainda, segundo ela: "todas as conquistas devem ser valorizadas e transformadas em bons frutos".
Já a respeito da sua visão sobre o exercício da mulher na política partidária, respondendo à pergunta, "é possível se ver mulheres apostando nas novas formas de exercer a política, seja pela prática de uma relação contínua entre cidadania e poder público; seja por alianças em projetos que unem criatividade aos desafios; seja por liderança inovadora para criar um futuro melhor por meio do exercício do poder; seja, ainda, por outra forma".
Como você vê a presença da mulher à frente do Legislativo?, a presidente expõe: "a mulher, na política, tem a oportunidade de mostrar a sua capacidade, tanto na prática, quanto nos diálogos. Tem a oportunidade de ter voz e vez, ou seja, ser ouvida e respeitada nas suas opiniões. Ainda temos muito que conquistar, tanto na política, quanto em outras áreas profissionais. É um caminho longo, mas necessário pra que continuemos conquistando nosso espaço".
Sobre a importância da sua participação na política partidária, a presidente do Legislativo conta: "todos nós somos importantes na política, pois a partir da nossa participação podemos contribuir para construir uma política séria e que incentive outras mulheres a mostrar sua capacidade na política, também".
A Câmara de Vereadores conta, ainda, com mais uma mulher atuando nesta legislatura, no seu segundo mandato, a professora Marta Schoffen (60), do Progressistas.
TRADICIONALISMO
Um destaque feminino deste ano, que já vinha combinando ideias e ações de valorização ao tradicionalismo gaúcho, assumiu liderança no CTG Porteira das Missões. Dionéia Fabiane Haas (34), empossada primeira Patroa mulher no comando da entidade, conta em entrevista, que pretende dar continuidade ao seu fazer no CTG, contribuindo para o engrandecimento e o fortalecimento do tradicionalismo.
"É, para mim, uma alegria poder cooperar e dar minha contribuição para a história dessa entidade tradicionalista, e dizer que o lugar da mulher é onde ela quer estar. E dizer, ainda, que 'querer é poder', com certeza".
O CTG Porteira das Missões também tem na patronagem a primeira capataz, Carol Carpes Berwanger (34). E esta presença feminina, representa, para a Patroa, um incentivo ao 'querer fazer' e ao 'poder fazer', assegurando planejamento e continuidade ao atendimento às demandas da entidade que, em meio à pandemia da Covid-19, procura 'reinventar' a sua prática, no movimento tradicionalista.
Finalmente, respondendo à pergunta "neste ano, você foi eleita Patroa do CTG Porteira das Missões. Como você, como primeira patroa eleita, encara este desafio, em um ambiente que, por tanto tempo (56 anos) foi considerado, predominantemente, masculino?". A Patroa conta: "ao longo dos anos a mulher vem conquistando mais espaço. Eu acredito que o resultado vem das suas atitudes, de querer participar dos movimentos, dar suas opiniões e, com isso, viver em uma sociedade menos preconceituosa e machista. É possível levar às crianças e jovens um chamado ao tradicionalismo. O amor ao tradicionalismo gaúcho é um grande legado que fica".
IDENTIDADE
O trabalho feminino tem a força estruturante de sua identidade: de mulher que administra a casa, regida pela eficiência, organização, planejamento diário e flexibilidade ao imprevisto; de mulher que atua na igreja, com atitude sábia e obra missionária; de mulher que gerencia equipe/empresa atenciosa à forma colaborativa e à qualidade do serviço que presta; de mulher professora que, com cuidado, docilidade e satisfação assume a liderança em sala de aula, realizando o seu projeto de vida como educadora; de mulher que se destaca na construção sustentável, que tem consciência e é ativa na ação de preservação ao meio ambiente; de mulher que lida com o sistema financeiro, que inspira confiança, capacidade de influência e assertividade; de mulher que constrói caminhos na candidatura política, afirmando comprometimento partidário em co(relação) às funções de seu cargo; de mulher que ganha espaço em diretorias de ação cultural, e inspira outras a seguirem os desafios de conciliar tarefas; e de toda as mulheres que prestam serviço relevante à saúde, ao esporte, ao lazer, à ciência, ao jornalismo, às artes, ao empreendedorismo, ao desenvolvimento humano e demais formas tão significativas quanto às citadas.
É por isso que não é possível não estar com você, MULHER, nesta luta que cinge vias privilegiadas para o mergulho consciente nas profundas reflexões; para a organização às mudanças; para a realização de suas escolhas; para as decisões dos rumos de suas vidas; para a conquista de sua autonomia.