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Publicado em 11/09/2020 12:57:53 • Cultura

Pandemia não apaga a chama da tradição

Tradicionalistas do Porteira das Missões e do Ronda Crioula revelam a preocupação das entidades
Rafael Schmatz Tolffo, do CTG; e Nelsi Wenzel, a Neca, do CCTN (Fotos: Arquivos Pessoais)

Tradicionalistas vivem, neste 2020, expectativas de uma Semana Farroupilha repensada, tendo em conta as políticas de enfrentamento à Covid-19. E os festejos, que têm como tema 'Gaúchos sem Fronteiras', se adaptam neste cenário marcado por incertezas, mas igualmente, pelo interesse em rememorar um tempo em que sul-rio-grandenses ganharam o Brasil, também, em missão fronteada de levar a cultura gaúcha a outros estados e países.

Restrições impostas pela pandemia, como a proibição de aglomerações, fizeram com que o Movimento de Tradições Gaúchas (MTG) e as microrregiões do Rio Grande do Sul se unissem e considerassem possíveis consequências que pudessem advir de programação com intensas atividades. E a semana mais esperada por aqueles que, tradicionalmente, comemoram o 20 de Setembro, segue diferentes configurações.

Gilda Galeazzi, presidente do MTG, tratou destes formatos, citando casos de eventos como o Acampamento Farroupilha, de Porto Alegre, que acontecerá no modo virtual, de 13 a 20 de setembro; e o Encontro de Artes e Tradição Gaúcha (ENART 2020), que aconteceria em novembro, na cidade de Santa Cruz do Sul, e foi cancelado. Confirmou, ainda, que entre as ações do MTG, nestes tempos difíceis, está em análise a ideia da realização de uma convenção, com tratativas sobre procedimentos que possam ajudar entidades tradicionalistas atingidas pela crise financeira.

Confira: Promoção de bombachas e vestidos de prenda

Na sequência, Galeazzi considerou que não tem como regionalizar programações - porque as regiões concentram restrições distintas, assim como demandas e controle à epidemia; ficando a encargo dos municípios a decisão quanto à tradição de manter acesa a chama crioula e à escolha de possíveis programações.

Nossa microrregião, nesta semana de movimentação tradicionalista, tem o consenso de colocar em evidência as políticas de cuidado para que a pandemia não se agrave. E assim, à luz da criatividade, as entidades se organizam, com vistas a manter as tradições, disseminando a cultura gaúcha.

VISIBILIDADE

Entrevista com tradicionalistas do CTG Porteira das Missões e do CCTN Ronda Crioula revela preocupação das entidades com o momento atual. Rafael Schmatz Tolffo, do CTG Porteira das Missões, manifestou que a pandemia tem reservado restrições à entidade, mas que a mesma está se adaptando às demandas do momento: "O MTG está propondo os Festejos Farroupilhas de forma on-line, no intuito de divulgar nossos costumes pelos rincões afora. Com isso, pretende-se dar maior visibilidade ao nosso estado, despertando o orgulho de quem é daqui, assumindo esta identidade de gaúcho. Pensando em nossa entidade tradicionalista, o CTG Porteira das Missões, cabe a ela apoiar essa iniciativa e incentivar, principalmente, as gerações futuras, a manter nossas raízes e disseminar nossa cultura".

IDENTIDADE GAÚCHA

Em relação ao cultivo das tradições, Tolffo acredita que se tem perdido força, ao longo das gerações - o que, segundo ele, pode ter a ver com o desenvolvimento da sociedade, tão difícil de ser acompanhado. Mas, segundo ele, a Semana Farroupilha compreende um momento de intensificar a manifestação das várias formas de identidade do gaúcho seja na música, na dança, na culinária, na indumentária e nos costumes sulistas, não com tendências, mas com sustentação ao tradicionalismo.

Também, expressou: "o termo tradição pressupõe cultuarmos àquilo que nos identifica e nos difere como uma cultura. Isto não significa que devemos vivenciá-la tal e qual nossos antepassados. Contudo, temos que ter o cuidado com os 'modismos', a fim de não distorcer o que representa a cultura gaúcha. Ainda assim, penso que qualquer manifestação cultural, seja o simples fato do uso de uma bombacha, demonstra que somos um povo que possui sua identidade". E mostrou preferência, neste tempo de pandemia, à ideia de a entidade se adaptar ao momento: "Inovar talvez venha à contramão de cultuar. Um melhor termo seria adaptar, mas nenhuma estratégia será o suficiente, se não existir dentro de cada um o orgulho de ser gaúcho e representar o que este nome significa".

PERTENCIMENTO

Nelsi Wenzel, a 'Neca', representante do CCTN Ronda Crioula, manifestou-se apontando a situação da pandemia como um moderador às comemorações que juntam pessoas em um espaço comum, mas próprio à reflexão sobre o ser e sobre o sentimento de pertencer à família Ronda Crioula.

Expôs a característica do gaúcho, "um homem acolhedor, que oferece um bom chimarrão e um abraço com calor humano, o que só é possível, presencialmente".

A tradicionalista entende que a Semana Farroupilha tem um sentido maior, quando vivida com a presença física de todos - o que, neste ano, será inviável.

 

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Fonte: Ana Clara Schneider Ribeiro, graduanda em Jornalismo pela UNIPAMPA - Campus São Borja
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